quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Uma Mulher na Vida de João

Uma mulher simples com um filho pequeno, sem sobrenome, documento, conhecimento de data natalícia vai trabalhar na casa de João Ferreira. João por sua vez tendo agora uma mulher responsável, dedicada dentro de casa trás a pequena Ana com aproximadamente 4 anos de volta para casa.

João Ferreira, viúvo vendo o cuidado e dedicação dada a seus filhos. Sabendo ser ela, solteira, irmã de  Olinda Maria da Conceição, Otilia Gomes Batista, Crisanto Barreto e Miguel dos Anjos, Ana, Benedita, Donária, Josefa, (o sobrenome dos últimos irmãos, aqui mencionados, não foram levantados, mas se sabe que cada um possuía um sobrenome diferente), sendo filha de José Cesário da Rosa e de Maria José de Sant’Anna, esta de raça negra, resolve e constitui com Antônia, família.

João Ferreira providencia para ela nome, registro de nascimento. Coloca no documento o nome do pai “Rosa” e o outro nome, é buscado na história dos parentes de Antônia e alheatoriamente adota “Jesus”. Passa Antônia a partir daquele momento a ser Antônia Rosa de Jesus, quanto ao filho ele dá o seu nome, e Hermes passa a ser, Hermes Ferreira Gomes.

João Ferreira trabalhava na lavoura de terceiros, mas com a ajuda de Antônia começa a criar galinha e comercializar ovos. O casal ficava até tarde embalando os produtos a serem comercializados no dia seguinte.

João Ferreira com tino comercial, vontade de crescer e com a ajuda de Antônia passa a fazer economia e aguardar algum dinheiro até que consegue comprar o lote de terra de frente ao seu. Neste pedaço de terra constrói quatro pequenos cômodos para o seu irmão Manoel (Neco) que morava no "sertão". Sertão aqui não se sabe se era o nome do lugar ou um lugar afastado, "Neco" viria para a Babosa, morar com sua esposa.

Quando a casa fica pronta para receber o casal, João Ferreira recebe do irmão correspondência informando que a esposa morrera, ficará viúvo, contudo ele iria fixar residência na Babosa, próximo dos seus. Com a chegada de “Neco” sem esposa e sem filhos, só, João solidário convida o irmão para morar em sua casa. O convite foi aceito e todos passam a viver sob o mesmo teto.

Antônia Rosa de Jesus
Os filhos de João Ferreira contam que o “tio Neco” era muito paciente, querido, contava histórias e os ajudava na lição de casa.

Vemos aqui, que apesar do casal ser do interior, roça, eles cuidam da educação dos filhos mandando-os para escola, acompanhando a lição, coisa que até hoje, décadas depois, ainda não é comum se considerarmos as condições e a base de muitas famílias sob o mesmo aspecto. Notamos também que João cultivava o hábito de se comunicar por meio de correspondência, carta.

Da união de João Ferreira com Antônia nasceram oito filhos. Fico imaginando como que Antônia conseguiu dar conta de uma família tão numerosa, sete filhos de João com a primeira esposa; Manoel, Maria, Antônio, Nicodemos, Julio, Alzira e Ana. Nove filhos de Antônia sendo oito com o esposo; Hermes, Amaro, Julia, Thomé, Sérgio, Alice, Appolônia, Eliza e Olavo. Manoel (cunhado),  João (esposo) e Celso (filho do coração). Com certeza a luta foi árdua, casa para cuidar, dezenove pessoas para cozinhar, lavar, e ainda arrumava tempo para ajudar o esposo a embalar os ovos a serem comercializados.

Antônia merece nesta história um lugar de destaque foi mulher guerreira, merecedora do slogan que diz: “Por detrás de todo grande homem há sempre uma grande mulher”.

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