quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ana uma das mulheres de João

João Ferreira Gomes, homem de muitas mulheres e de algumas Ana. Ana genitora, esposa, filha e algumas netas: Ana de Nicodemos, de Antônio e de Maria. A Ana aqui referida é a primeira esposa de João, dela não se conseguiu levantar dados como: Foto, pais, irmãos, só se sabe e por alto, de uma sobrinha moradora da rua Rockefeler no Bairro do Caju em Campos. Não se sabe se o casamento fora arranjado ou se fora por escolha, sabe-se apenas que ela fora dona de uma beleza natural, diferente, das mulheres da região. Era alta, esguia, possuía pele alva, cabelos negros, lisos e finos e fora o grande amor da vida de João.

João e Ana contraíram bodas por volta de 1908, tiveram sete filhos sendo quatro homens; Manoel, Antônio, Júlio, Nicodemos e três mulheres; Maria, Alzira e Ana. Ouvindo alguns relatos se concluiu que João adorava a esposa e fazia de tudo para dar a esta uma vida digna, e, com seus parcos recursos, um pouco de conforto. 

Ela cosia para fora o que chamamos de costureira. João para ajudá-la pagava uma pessoa para fazer os serviços domésticos e tomar contas dos seus pequenos.

Contudo com toda dedicação e sentimentos devotado a sua mulher, a vida conjugal parece não ter sido um mar de rosas, havia grandes desentendimentos a ponto de sua mãe a quem João respeitava muito, usando por vezes de autoridade, ter interferido.

Alzira - ao Fundo Hélio - filho
João ao lado de Ana não conseguiu alavancar como desejava. Há uma frase que por vezes, alguns netos ouviram João proferir “Triste do homem que coloca para dentro com uma pá enquanto a mulher bota para fora com uma colher”.  Os netos que ouviram a frase acreditam que João se referia a sua própria vida conjugal.

Como já mencionado anteriormente, Ana faleceu em 1919 ao dar à luz a menina a quem João deu o nome da mãe. João com a morte da esposa devotou a filha de nome Alzira, carinho e atenção redobrada. Alzira não sabe se por uma empatia nata, ou, se devido à semelhança que tinha com a mãe, passou ser a menina dos olhos do pai. Também se pode afirmar que Alzira por sua vez retribuiu este carinho e atenção.
  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Os Ferreira Machado

Uma das residência habitada por Nicodemos
Dos filhos de João Ferreira foi o filho de Ana, Nicodemos, que deu o pontapé inicial no que se refere ao crescimento da família. Em 1936 Nicodemos tomou por esposa Maria Matilde Machado Sobrinho que passou a se chamar doravante Maria Matilde Gomes.

Apesar da família Ferreira Gomes ter uma base católica a cerimônia aconteceu só no civil. Maria Matilde apesar da pouca idade, 17 anos, era uma pessoa de decisão resolvera não se vestir com o tradicional vestido de noiva. Ela havia sofrido um acidente que lhe causou queimadura em parte do corpo. Este fato fez com que tomasse a tal decisão, com isso, até a interferência de Dom Pedro Bandeira de Melo a cerimônia religiosa não acontecera.

Maria Matilde fora totalmente apaixonada pelo esposo, e com isso experimentou um sentimento chamado ciúmes. Ela nutriu grande ciúme daquele que elegera por companheiro.

Talvez, devido aos instintos femininos existentes na maioria das mulheres, já que nunca soube-se nada de concreto no que alude a conduta de Nicodemos, Maria Matilde por vezes proferiu a frase; “Se há de Nicodemos casar com outra peço a Deus que ele fique somente com uma camisa.”

Esta, mesmo sendo mais nova que o esposo 7 anos se via em apuros quando a pequena localidade de Babosa recebia vinda da capital “Nana” uma mulher casada, mas que representava para Maria Matilde  um grande risco, era bonita, bem vestida, liberal e acima de tudo do Rio de Janeiro e que não escondia o interesse por Nicodemos. Por outro lado os homens da Família Ferreira Gomes, como exemplo Sr. João Ferreira, são conhecidos em sua maioria por homens “mulherengos”. Por não se saber nada em relação a conduta de Nicodemos no que tange ser mulherengo, atribuo o comportamento de Maria Matilde ao instinto feminino gritando dentro dela.

O casal teve 14 filhos: José, Marina, Hélio, Aloízio, Ana, Alci, Manoel, Renato, Irene, Francisco, Amaro, Arlete, Nivaldo e o último não chegou a nascer Maria Matilde faleceu no parto levando este no útero, todas Ferreira Machado. Nesta família iniciada por Nicodemos e Maria Matilde notamos o já notado na família de João, erro no sobrenome dos filhos, estes deveriam ser "Machado Gomes". Será que descobriram, em tempo, estética sonora e deram um jeitinho brasileiro?

Nicodemos, viúvo, provavelmente em respeito a memória da esposa ou consideração aos filhos, não contraiu nova núpcias  apesar de se ter ciência do sentimento não deflagrado, no ar, existente entre ele e Maria filha de Olinda Maria da Conceição, respectivamente sobrinha e irmã de Antônia Rosa de Jesus esposa de João Ferreira Gomes.  Ana filha do casal por ciúmes muito contribuiu afastando do caminho do pai todo “rabo de saia” que tentou se aproximar.

Nicodemos, Antônia, João Ferreira, Terezinha e Olavo.
A atitude de Ana é uma das características das mulheres da Família Ferreira Gomes incorporada muito bem por Maria Matilde assim como é característica, família numerosa e “galinhagem” entre os homens, porém é necessário registrar, como muito bem colocado por Pitágoras  “Para toda regra existe exceção”.

Fiquem com as poucas imagens que por hora consegui de alguns dos membros desta numerosa família. Quanto a Maria Matilde é fato: Ela não se deixava fotografar. Não consegui descobrir o porquê. O único registro que se tem conhecimento é uma foto de lado e ao mesmo tempo de costa tirada por Alice, filha de João Ferreira, mas que não foi localizada. Agora fiquem com as imagens clicando aqui.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

As faces de João

João Ferreira Gomes, o homem que Ana Ferreira Gomes, sua mãe, dizia ser “sem juízo” transformou-se num exímio chefe de família, exemplo e orgulho para filhos e muitos netos. Foi homem enérgico, tratou os filhos debaixo de seus costumes, crenças e lei. Sua lei era da honestidade, trabalho e palavra. Homem tem que ter e ser de palavra, honrar o fio do bigode. Foi um paradoxo, austero e ao mesmo tempo carinhoso, cuidava das necessidades dos seus e tentava realizar os desejos de todos da família tentando dar a estes as maravilhas e conforto oferecido pela chamada modernidade.

Ilustrando:

João Ferreira quando comprou a casa de Campos foi numa loja chamada Casa Terra, demolida recentemente - 09/02/2011 e adquiriu toda mobília e utensílios para casa.
                                                                   
Imagens da Casa Terra no Corredor Cultual em Campos dos Goytacazes
Entre os utensílios uma novidade, fogão a lenha chamado de fogão econômico, diferente do usado na casa da Babosa fixo e barreado (cobertura de barro em cima de tijolo cru, alvenaria) era pesado, mas, móvel, de chapa, branco. A lenha usada era em pedaços pequenos diferente do conhecido cuja lenha usada era pedaços grandes, tora. Confira mais imagens.

Contudo a novidade, não se sabe se por má instalação, por peculiaridade ou outro motivo qualquer, sujava as paredes da cozinha que constantemente necessitavam de pintura. No fim da década de 50, aproximadamente entre 1957/58, João ficou sabendo da existência do fogão a gás, um fogão que nem as panelas sujava, que cozinhava e assava tudo, branco, as panelas a serem usadas não precisavam ser de ferro e principalmente o mais importante, não enfumaçava, não fazia sujeira. João ávido por novidades adquiriu o fogão. A novidade agradou tanto que se colocou um prato no fogo. O que aconteceu? O prato espatifou. O refratário ainda não havia sido descoberto ou não havia chegado à região.

Apesar de João tentar atender a todas as necessidades da família, talvez por sua austeridade, os filhos receavam quanto a apresentarem desejos ou pedidos. Sabe-se que os móveis adquiridos para a varanda, móveis de vime uma espécie de palha usada na fabricação de móveis, por pegarem sol começaram a ficar feios. As filhas que herdaram a vaidade do pai queriam móveis novos, mas quem ousava pedir. Eliza a caçula das mulheres foi quem encarou a “fera”. Contou-lhe sobre uns móveis de ferro que havia visto e que seria para toda vida. Acredito que esta não errou.
Os móveis usados até hoje 16/09/11
Quando chegou o dia de Eliza ir para casa de Campos, foi tomar benção como de costume, o pai depois de abençoá-la mandou que esta pega-se, no dinheiro das despesas, o valor para compra dos tais móveis, duas cadeiras e uma mesa, valor suficiente para compra à vista, o que foi feito. Alias tudo que João adquiria era a vista.

As duas histórias apresentadas servem simplesmente para corroborar a descrição de quem foi João Ferreira em seu temperamento e caráter.

Este mesmo homem de quem os filhos tinham receio, porque era severo, porque deles muitas vezes apanharam e ouviram gritos e broncas, este homem temido pelos filhos, mas que os atendia e na medida do possível realizava todos os seus gostos e desejos, cantava para os netos fazendo estes dormirem. Ele pegava as crianças, uma de cada vez, colocava debruço em suas pernas e dando nas nádegas leves tapinhas ritmados cantava uma cantiga cuja letra era mais ou menos assim:

     “Oh! Seu Romeu,
     Que sorte essa sua,
     Casar com uma mulher que acha tudo pela rua.
     Na Rua Uruguaiana onde ela acha de tudo.
     Foi lá que ela achou um casaco de veludo.

     Trá lá lá lá lá.
     Trá lá lá lá lá.

     Mulher não vai ao fado.
     Marido eu vou eu vou.”

Outras vezes na cantiga o verso em que dizia que a mulher achou um casaco de veludo era trocado por, "achou um Cadillac com chofer e tudo". Quando aquela criança adormecia, ele entregava o pequeno para a mãe que o colocava na cama, pegava outro e a cantiga reiniciava até que aquele também caísse no sono .

Muitas vezes adormeci sob este som. Oh! Doce infância, que bom que ainda vives em forma de lembranças.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Regalias

O crescimento econômico de João não teve só o auxílio e colaboração de Antônia, João contou também com a ajuda dos filhos. Cito aqui, sem esquecer nenhum, Antônio e Olavo.

O negócio da comercialização de ovos se expandia e João não conseguindo produzir o suficiente para atender a demanda passou a comprar ovos da vizinhança. Antônio  que ficou conhecido como Ferreira e Olavo também ajudavam na coleta e transporte dos ovos. 

Certo dia quando Antônio ia entregar os ovos, ao passar próximo a uma linha de trem, este apitou, o cavalo se assustou dando um pinote, Antônio foi parar no chão. Resultado, machucado, sujo, melecado pelos ovos, sem mercadoria e para completar ao chegar a casa levou uma surra do pai. Da queda Antônio herdou uma cicatriz no pé que levou até o fim da vida. Já Olavo, filho caçula, por sua vez levou broncas homéricas por adquirir ovos estragados, choco que comprava de Maria esposa de Pedro Pilão. Senhor Celso Pereira quando chegava para comprar os ovos, escolhia e dizia: Este sim, este não, e, lá iam os ovos pelos ares e o dinheiro também porque o que ficava era o prejuízo.

O que vemos é que o negócio de João era como um negócio qualquer com perdas e riscos e como João era bom de cálculo tudo era computado, digo, calculado e João continuava crescendo.

Na época era costume entre as famílias de posse o pai dar moradia para filho homem quando este constituía família. Nicodemos se casa e João cede os cômodos construídos para o irmão Manoel “Neco” como costume.

Esboço do vaso sanitário.
João foi adquirindo com o passar do tempo, conforto e praticidade, sua casa ganhou cozinha de farinha e foi uma das primeiras do local a ter energia elétrica, geladeira, televisão, liquidificador. Ganhou quarto de banho, chuveiro elétrico... Banheiro? As necessidades eram feitas no canavial, mas João! Este possuía uma espécie de banco feito de madeira de lei, sem assento, uma espécie de vaso sanitário móvel o que dispensava descarga. Pergunto: Quem frequentou a casa de João quando este ainda vivia que não tenha conhecido o vaso sanitário ou que não tenha usado o canavial para fazer as necessidades?

As novidades não pararam por aí, comprou casa em Campos, passou a alugar casa de veraneio na Praia de Farol de São Thomé até que seus filhos Amaro e Antônio construíram e ele passou a veranear na casa destes. João teve Willys a sua disposição e sua residência recebeu objeto de decoração como exemplo relógio de parede.

Relembre este período vendo imagens da época  clicando aqui em regalias.