sábado, 24 de dezembro de 2011

Brinde de Natal


Acreditando ser o Natal momento de interiorização e reflexão, festa da família, trago para todos um pouco do trabalho que estou realizando em forma de brinde é certo que para este brinde contei com a ajuda de Silvio Mambreu.

Deixando de suspense, e desejando a todos uma noite de paz e muita alegria, fiquem com as imagens e meu voto sincero de um  FELIZ NATAL.

                               

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Os Silva Santos


1959
Entre as mulheres da família Ferreira Gomes teve uma cuja vida foi pautada por sofrimento, mas com todas as adversidades ela conseguiu ser uma das mais doces criaturas existentes. Tudo nela era diferente, seu timbre de voz, seu cabelo, sua história. Estou falando de Ana.

Ana que recebeu o nome da mãe recebeu também a dor da rejeição. As irmãs mais velhas talvez pela inocência, pela pouca idade ou pela dor sentida com a perda da mãe colocaram nos ombros desta, a responsabilidade pela morte de sua genitora. 

Devido a essa fatalidade e por João sozinho não poder e não saber tomar conta de um recém nascido, entrega a pequena para outra família que lhe cuidou e tratou bem, contudo o que conta é a marca gravada por ter tido seu direito de convivência familiar junto aos irmãos abortado em sua primeira infância.

Quando João foi conviver com Antônia ela voltou para casa. Contava nesta época com aproximadamente cinco anos, contudo a convivência com as irmãs não foi das melhores e Ana viveu um bom tempo como um bichinho acuado. Já mocinha iniciou namoro com um rapaz da localidade José Manhães por quem Ana se apaixonará. Esta parte da vida onde os romances e as paixões se afloram Ana também não foi bem sucedida. O seu grande Amor lhe deixou e começou a namorar Dora conhecida na localidade por Dorinha com quem se casou.

A tristeza de Ana era tão grande que o seu irmão mais velho, Manoel, já casado, vendo a tristeza da irmã convenceu seu pai João Ferreira Gomes a deixá-la ir passar um tempo em sua casa. Foi assim que Ana Foi morar no Rio.

No Rio conheceu outro rapaz, da cidade de Campos sua terra natal. Esse a pede em casamento e ela vai até a casa do pai lugar onde o pedido seria oficializado, contudo descobre-se que o rapaz não era lá boa coisa e Ana consegue em tempo, sair de cena. De volta ao Rio, depois de período ela conhece um baiano de nome Arlindo com quem contraiu bodas.

Ana volta à casa do pai, para providenciar os preparativos para o casamento. João contratou uma senhora para ajudar. As pessoas da casa, digo, as mulheres da casa na época se apavoraram com a pessoa contratada por causa dos doces que essa preparava. Imaginem, naquela época, ser servido em casamento doce de abóbora! Mas foi assim os doces servidos no casamento de Ana, de frutos colhidos no quintal. Outro fato que aconteceu que pode parecer bobagem, mas é a forma que tenho para contar a como as coisas foram sendo introduzidas na vida dos Ferreira Gomes. Por conta do casamento entrou pela primeira vez na casa uma lata da fruta seca conhecida por ameixa que também seria usada nos doces a serem servidos. Suely, filha de Manoel vinda do Rio para o casamento chega para a tia de nome Eliza e pergunta se podia comer as tais frutinhas. Eliza permite. Suely, sob a permissão, não faz por menos come todas. Quando  perguntam pelas frutas só a lata foi encontrada.

O dia do casamento chega. Na capela de Santa Cruz sob as bênçãos de Dom Pedro Bandeira, Ana cassa-se com Arlindo Bispo dos Santos formando assim mais uma paleta no legue Família Ferreira Gomes, agora os Silva Santos. 

A foto ao lado mostra os noivos, mas não pensem vocês que foi tirada no dia, imagine se naquela época poderia se contratar fotógrafo para ir ao interior (Babosa) registrar festas, isso além de ser um luxo, fotógrafo com automóvel não existia. ônibus! além de não passar perto de deixar os passageiros longe do local só tinha uma vez no dia. Máquina fotográfica com flex, nem pensar. Bom num outro dia, os noivos se vestiram como no dia do casamento e fizeram o registro.

A vida de Ana não entrou nos eixos, Ana ainda não conhecerá a felicidade, não teve filhos, mas em sua vida surgiu o Alexsandro, para nós Alex, filho do coração. Ana passou a maior parte de sua vida sob a tristeza da frustração, porém submissa aquilo que acreditava buscou refúgio para seu desalento na religião, mas essa história fica para depois.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

João Faz 90 Anos

Certa vez, atravessou no caminho de João uma cigana e esta lhe disse que se casaria, teria muitos filhos, melhoraria de vida, mas não viveria muito, morreria novo.

João Ferreira Gomes homem cético, passou a vida sob o espinho dessa revelação. A cada aniversário aproximado, na certeza da elevação do número de anos e da concretização das revelações feitas, João experimentava uma tristeza profunda. Para ele era como se a morte estivesse batendo a porta o que não deixa de ser uma verdade. A cada dia vivido (não se choquem) é uma aproximação da morte.

As palavras da cigana martelavam na cabeça de João tirando-o do eixo. Ele tratava essa questão com um medo quase irracional. Certa vez Silvio Mambreu, esposo de sua Filha de nome Alice,  tentou ponderar na tentativa de aliviá-lo da sensação de desconforto, do medo vivenciada todos os  anos. João foi áspero e como num gatilho imediatamente respondeu “O que você entende disso?” Calando Silvio.

João Ferreira Gomes foi um misto: de cordeiro a leão, de crente a pirrônico. Neste paradoxo me perco, não consigo entender como um homem inteligente que não temia boitatá, lobisomem deixou se levar por frase de cigana! Porém nem a frase nem o medo vivido, abreviaram os dias de João que faleceu em 1974 aos 97 anos para uns e para outros com 104 primaveras.

Contrariando a premunição em agosto de 1967 a residência dos Ferreira Gomes entrou em clima de festa a exceção de Julio todos os demais filhos compareceram junto de seus consorte. Os netos em sua grande maioria também prestigiaram o acontecido e foi só a partir desse ano que João conseguiu se despir do medo o qual foi prisioneiro por quase toda uma vida.

A casa já não mais tão pequenina contava nesta época com 5(cinco) quartos. Todos foram ocupados, alguns dormiram nos vizinhos e outros, como eu, dormiram na sala em camas improvisadas. As camas improvisadas foram espalhadas pelo chão dos quartos, salas. A minha, "__Doce lembrança!" fora armada debaixo da mesa. 

As imagens não são muitas a máquina fotográfica, era este o nome usado na época para o objeto que registrava imagens, não contavam com fleche e as fotos foram feitas do lado de fora da casa sob a luz do sol. Fique com algumas dessas imagens.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Antônio Ferreira


Hoje falar-se-á de Antônio Ferreira Gomes. Antônio nascido em 24 de janeiro de 1911 passou a infância na localidade de Babosa onde nasceu e ficou até o dia de comparecer para o alistamento ao serviço militar lá pelos idos de 1919. Como já mencionado sua infância não foi fácil como não foi fácil a infância de nenhum dos filhos de João. Todos os filhos de João sem exceção foram bem cedo para a chamada "lida" e sejamos claro João Ferreira Gomes trabalhou muito, construiu, para suas origens, um império, mas sejamos justo ele foi administrador. Quem realmente pegou no pesado foram os filhos.

Antônio abraçou o comércio que se iniciou com a compra e venda de ovos na casa do pai, já também mencionada aqui quando relatei uma queda do cavalo ocorrida com o susto causado pelo apito de um trem. Tal fato, hoje, seria considerado como acidente de trabalho.

Antônio quando deu baixa no serviço militar continuou no Rio na casa de Dona Amélia. Amélia chamada por todos carinhosamente de Amelinha era natural de Campo de Areia e fora quem tomará conta dos filhos de Ana, primeira esposa de João, para que esta fizesse suas costuras. Com a morte de Ana Amelinha deixou de trabalhar na casa dos Ferreira e fora trabalhar na capital, Rio de Janeiro e lá se casou.

Amélia era quem recebia os da localidade quando estes iam para o Rio. Ela sempre dizia: "Na minha casa não tem luxo, mas comida eu garanto." Foi quem recebeu os filhos de João quando estes foram para o serviço militar e por lá permaneceram, o compreensível. Foi ela quem encaminhou Antônio para as "Casas Gaio Marte" na qual conseguiu cargo de chefia. Antônio por sua vez abriu as portas para outros irmãos a exemplo: Manoel, Amaro, Sérgio... Quase todos os Ferreiras passaram por lá.

Antônio passou a ser conhecido como Ferreira e mesmo fazendo um tempo considerável longe da residência do pai este exercia influência e domínio sobre ele. Certa vez visitando o pai em sua casa este lhe perguntou por Amelinha. Antônio responde que fazia tempo que não tinha notícias. João Ferreira ficou bravo e num tom mais elevado que o normal lhe interrogou. “__ É assim que você trata o prato que come?” Fez Ferreira procurá-la, tratá-la com consideração e ainda trazer notícias.

Ferreira se casou com Valdimira e deste matrimônio nasceram dois filhos O menino que levou seu nome Antonio Ferreira Gomes Filho e a menina que recebeu o nome da avó, Ana. Ferreira embora casado, com família constituída, manteve diante do pai um grande respeito, respeito este que é guardado até hoje na lembrança, na memória dos filhos.

É isto que me encanta nesta família. Pessoas sem exceção repletas, desde João, de defeitos, atravessam gerações quer seja em presença quer seja na lembrança, unidas no respeito, no carinho e embora geograficamente falando, separados, mas unidos no amor e na admiração.

Muitas histórias há a serem contadas. A vida não se passou no resumo de uma página e é neste baile, nesta dança neste vai e vem que pretendo mostrar a admiração que tenho desta gente embora mista de nomes diferentes, tão iguais na essência.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Tempo Passa


Quatro gerações

Aos poucos os filhos homem de João, um a um ganham o mundo indo para o serviço Militar no Rio de Janeiro, arrumam emprego constituem família e por lá ficam, mas a raiz famíliar é profunda e esse laço é mantido apesar da distância.  Enquanto isso, as filhas de João Ferreira Gomes com Ana também se lançam na conquista de outras experiências.

As tardes a sala da pequena casa de João recebe Carmelito, Dudu, na ponta do lado da cabeceira da mesa senta para conversar e conhecer Alzira, de outro lado Alberico se punha a conversar com Maria e sentada sob uma caixa ficava José Manhães e Ana. Alzira muito esperta sempre tinha um trocado e com este subornava as irmãs mais novas para que estas tomassem conta da água a qual serviria para passar o café a ser servido para Dudu. Aqui o leitor deve estar se perguntando. Porque tomar conta da água? Respondo: Como o fogão era a lenha, Alzira não queria se apresentar cheirando a fumaça para o namorado. Quando a noite caia João Ferreira adentrava a casa José Manhães e Alberico iam embora e Dudu entrava noite adentro em conversa com João.

Alberico se casa com Maria e um ano depois é a vez de Alzira com Dudu. Ana se decepciona com José Manhães e seu irmão Manoel, já casado, enternecido com o sofrimento da irmã convence o pai, João Ferreira Gomes, a deixá-la passar um tempo em sua casa. João Ferreira entre tantas qualidades e defeitos, vendo a dor da filha, embora conservador e numa época em que liberdade não era permitida as mulheres, por conta do amor a filha e na tentativa de amenizar o sofrimento sentido por Ana por conta da decepção amorosa, dá a autorização permitindo assim que a filha mesmo solteira saísse de casa para morar no Rio.

A família Silva recebe Ana com braços abertos e a partir de então essa vai morar junto destes no sobrado da Prado Júnior.

Os filhos de João com Antônia vão crescendo e os com Ana vão ganhando o mundo. A família não para de crescer, filhos e netos quase se encontram em idade, se equiparam em tamanho surgindo com esse encontro de gerações novas histórias que contaremos depois.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dos Ferreiras aos "Silva II"

Nas proximidades da residência dos Ferreira Gomes morava a família dos Pedra. Enquanto João Ferreira Gomes admirava o amigo, Manoel Pedra, por ser conversador, contador de causos e muito brincalhão, seus filhos, pelos menos os filhos com Antônia tinham verdadeiro horror as suas brincadeiras. Havia uma brincadeira que levava tanto Manoel Pedra quanto João Ferreira às gargalhadas. Manoel esporava o cavalo jogando para cima do menino Thomé Chamando esse de carrapato estrela. Ele dizia “Pula carrapato estrela” e o pequeno Thomé apavorado pulava, a pequena Appolônia ficou moça escondendo-se por de traz de portas toda vez que o Senhor Manoel Pedra aparecia só saindo do esconderijo quando esse ia embora.

A amizade de João Ferreira Gomes com Manoel Pedra era tanta que o casamento dos filhos era o sonho, tal fato selaria os laços entre as famílias. Foi assim que Alzira Gomes da Silva conheceu Carmelito Gomes da Silva, conhecido por Dudu Pedra, filho de Manoel Pedra e no dia 17 de dezembro de 1941 contraíram bodas.

O casamento de Alzira fora marcado e João não mediu esforços. Tudo foi providenciado para que o casamento de sua filha fosse o acontecimento do ano. Enquanto a antiga casa dos Pedras era reformada para receber o novo casal, todos na casa de João se redobravam para que o enxoval de Alzira fosse feito e foi. A de se considerar, digno de uma princesa. 


Ford 29 - Baratinha do Google Imagens
Apenas Ilustração

Alzira e Dudu se casam na Capela de Santa Cruz em Babosa e os convidados foram recebidos na residência onde esses iriam morar. A festa foi a mais bela vista na história do lugar. Bolo de três andares, pessoas de várias localidades e a noiva foi num legítimo Ford 29 conversível na cor preta - Baratinha, e o que há de mais impressionante João Ferreira Gomes esteve presente. 

O casal teve 6 filhos, 3 mulheres e 3 homens a saber: Carmelita, Elsa, Hélio, João, Nelza e Genildo, aos quais darei o nome de Família Silva II ficando a família do irmão de Alzira Manoel como: Família Silva. Veja imagens da Família Silva II clicando aqui.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Pé de Cajá


Pé de cajá mirim - 2009
A árvore postada ao lado foi colocada aleatoriamente na página de imagem desde início das narrativas. Vejamos então qual a história que a cerca. 

Na casa do Sr “Dudu” assim era tratado o esposo da filha de João Ferreira Gomes de nome Alzira havia, no quintal, um pé de cajá mirim. Na redondeza a única casa onde havia  desta fruta, pelo menos que se tenha  conhecimento, era a do casal. O pé de cajá embora fosse frequentado por inúmeros animais da classe dos anfíbios, quer saber? sapos mesmo, pequenos, mas sapos, os cajás eram a adoração das crianças principalmente dos netos de João Ferreira, e, eu era um deles. Visitar Alzira e/ou Dudu nas cabeças infantis ficava em último plano o que se queria era chupar os deliciosos e suculentos cajás.

Como o gostar desta fruta não era apenas privilégio dos pequenos, adultos também gostavam de saborear a exótica fruta, João Ferreira, como era tratado, plantou ao lado de sua residência a fruteira. Já chegado em anos, João Ferreira ao plantar com suas próprias mãos a árvore frutífera mencionou não viver o suficiente para experimentar dos frutos, estes seriam para os netos. Frisar plantada por suas próprias mãos significa dizer que João Ferreira Gomes estava numa fase da vida em que só mandava e não era pelo número de anos vivido e sim por se encontrar na fase de ser o “Senhor João", porém, neste caso se deu ao trabalho, e plantou.

Bisnetos de João  Ferreira - 1999
A árvore nasceu, cresceu e está lá, linda, seus galhos  emaranhados se espalham como numa rebelião, mas feito abraço em união voltam curvando-se sobre si mesma, entrelaçando-se, afagando-se como coisa só. Assim é a FAMÍLIA FERREIRA GOMES, devido as circunstâncias, diretrizes da própria vida, irmãos se perdem e se distanciam, no entanto existe um eixo central invisível unindo-nos como os galhos que num único abraço, se entrelaçam.

Deixemos de digressões. Hoje a fruteira não serve só de abrigo para pássaros, além das aves, dos frutos, serve também de abrigo, de sombra. É sob, e nela que muitas vezes membros da família se reúnem em pequenas reuniões, datas especificas ou ao mero acaso para pequenos e longos bate papo, ou simplesmente jogarem conversa fora ou ainda relembrarem momentos de outrora. 

O pé de cajá plantado ao lado da casa ultrapassou o desejo, o sonho de João Ferreira Gomes, hoje ela é testemunha viva da presença de gerações que se buscam e se encontram num único eixo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dos" Ferreira Gomes" os "Silva"


Manoel Gomes da Silva o primogênito de João Ferreira Gomes, nasceu em 1909 e até meados da década de 20 viveu na localidade de Babosa. Manoel foi servir o Exercito no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil deixando para trás pai, madrasta e irmãos muito pequenos. Alice devia somar apenas uns seis meses.

Quando Manoel rapaz de visão e de muitos sonhos foi para o serviço militar a vida na casa do pai era muito dura, além de muita gente foi o período em que João Ferreira começou a adquirir os bens que mais tarde formou o patrimônio. Este tempo era para trabalhar, trabalhar e juntar. Manoel não queria aquela vida, aquele lugar, depois que deixou o Exercito cheio de sonhos arrumou emprego no comércio, fixou residência na cidade e não retornou mais a não ser para visitar a família.

Mas Manoel não ficou sozinho por muito tempo, no ano seguinte se juntou a ele o irmão Antônio. Ambos trabalharam nas "Casas Gaio Marte Ltda.", uma das primeiras redes de supermercado, na qual se aposentou.

Apesar de Manoel não ter voltado para casa paterna não fez dele um homem frio do tipo sem família pelo contrário os laços sanguíneos vieram afloraram e as visitas a família eram constante Ele deixou gravado na mente dos irmãos carinho e instinto familiar.  Cito aqui dois exemplos: primeiro a compra da aliança para Antônia esposa do pai; segundo recebeu em casa a irmã de nome Ana e a alegria.

Marlon Brando
Manoel passou a ser tratado por Silva e para nós carinhosamente “tio Silva”. Este provavelmente puxou para mãe era dono de uma grande beleza. Mentirei se disser que tinha pose de artista ele não tinha pose era um verdadeiro artista e do porte dos norte americano sem desfazer dos nacionais, mas cá para nós Oscarito, Grande Otelo não era páreo para ele, pena foi que Hollywood não teve a oportunidade de descobri-lo. A foto postada do ator Marlon Brando é para que o caro leitor possa também fazer o paralelo e concluir.

Azar de uns, sorte de outros. Hollywood não o descobriu para sorte de Enedina Silveira da Silva que com 19 anos levou no dia 31 de dezembro de 1938 Manoel para o altar e comemorou o "reveillon" de 39 com o maridão do lado para tristeza e desmoronamento dos sonhos de muitas.

Numa outra oportunidade apresentarei fatos que farão uns se lembrarem e outros conhecerem um pouco mais da descontração e do lado, porque não, comediante do primogênito de João Ferreira Gomes. 

O casal teve três filhos Suelly, Carlos Alberto e Sônia Isabel. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

João é Contra Matrimônio de Maria

Maria Ferreira Gomes, uma das filhas de João Ferreira Gomes, viveu a maior parte de sua vida na localidade de Campo de Areia no Município de São João da Barra onde ficou conhecida como “Sinhora”. Maria, como a maioria dos filhos de João e como já citado aqui era dona de uma personalidade forte. Também fazia parte do seu caráter à teimosia.

Ilustrarei a personalidade de Maria com alguns causos por ela vividos. Conta-se que esta ainda criança por muitas vezes se recusou a fazer o que pediam e para não se ver obrigada a fazer o que não queria, se escondia dentro de um cocho (objeto usado para colocar água para gado), onde por vezes foi encontrada dormindo.

Outro causo: Todos os membros da família usavam preto por conta da morte de um ente querido. Numa de suas birras, Maria se recusou a tirar o luto para dormir. Ponderaram dizendo que acontecia isso, acontecia aquilo com os que dormissem usando tal vestimenta. Ela destemida como o pai se recusou e foi dormir sem se trocar. Aconteceu que no meio da noite acordaram com o choro de Maria que se encontrava no meio da sala aos prantos e pasmem, sem vestimenta. Procuraram em vão por toda casa as roupas. Dias depois as peças foram encontradas entre os espinhos dos galhos de uma árvore que uns dizem ser “amarelinha” árvore cuja seiva era usada em feridas como curativa e cicatrizante, esta planta está extinta na região. Já outro conta que foram encontradas entre os espinhos dos galhos de um pé de quixaba. Há pontos comuns nos relatos, as árvores, de diferente espécie, tinham espinhos e seiva.

Maria costumava infernizar todos que estavam a sua volta. Num determinado dia tentou tanto Antônio, irmão dois anos mais velho, que esse se armou com uma cobra (réptil) e lhe deu uma surra. Naquela época essa espécie era encontrada com facilidade, hoje, ainda existe, porém em menor escala. Maria levou uma surra de cobra, contudo Antônio nem Maria se encontram mais entre nós para dizer se a cobra estava viva ou morta.

Maria quando moça se encantou com Alberico Gomes da Silva filho de Cândido Manoel da família dos Manoel e iniciaram namoro. Seu pai era totalmente contra. João Ferreira não queria ter uma filha unida ao filho de um homem que ao adentrar numa casa noturna (salão com música, local de dança onde eram realizados os chamados bailes), enchia a boca para dizer: “Quem tem vitela que prenda, pois meus garrotes estão soltos.” João não tolerava a ideia de ter filhas chamadas de vitela. Moral da história, Maria teimosa do jeito que era, contra todos, casou-se com Alberico Silva.

Maria  aos 88 anos/2001
João construiu uma casa em Campo de Areia e Maria depois do casamento foi morar lá com seu esposo. Eles tiveram oito filhos duas mulheres e seis homens, a saber: João José, Maria Ana, Carlos Alberto, Manoel Jonas, Maria das Graças, Amaro Wilson, Manoel Francisco e Arlindo, todos Gomes da Silva. Aproximadamente um ano após o nascimento de Arlindo, filho mais novo, ficou viúva. A vida não foi fácil para está mulher que se viu só, com 8 filhos pequenos e sem apoio da família já que seu casamento se deu sem a aprovação do pai.

Muitas pessoas temem a morte. João temia e com Maria não foi diferente. Maria passou um tempo, por conta de uma fratura, em nossa residência. No quarto que ficou havia numa das paredes figuras que ficavam florescentes quando as luzes eram apagadas. Lembro-me que assim que íamos dormir, quando toda casa fica no escuro, ela começava a gritar, íamos até ela e depois de acalma - lá, voltávamos para nossos leitos e a gritaria recomeçava. Bom o quê acontecia era fruto do medo ela acreditava estar sendo levada para o espaço, por conta das figuras estrelar, acreditava está morrendo. Por outra vez tive na casa de um dos seus filhos, Arlindo, onde ela se encontrava, para colher um depoimento que seria apresentado nas bodas de ouro de seu irmão Thomé, isso lá pelos idos de 2000. Maria ficou simplesmente muda diante da câmera, tentei por varias vezes obter uma palavra que fosse, mas nada. As únicas palavras que consegui foram com a câmera desligada, disse ela: “Amaro fez isso com meu pai gravou a voz dele e ele morreu”. Maria tinha tanto medo da morte como tinha seu pai que viveu impressionado com a revelação de uma tal cigana.

Maria como uma boa Ferreira conseguiu dar volta nas adversidades. Com simplicidade criou os filhos e a exemplo do pai construiu um pequeno patrimônio. Vivendo apenas da agricultura comprou aos poucos terras vizinhas. Também por ocasião do matrimônio dos filhos levantou para esses um teto, é certo que Maria contou com a ajuda dos filhos, mas isso só vem confirmar a tese de que com família unida se vence, e, Maria venceu foi uma verdadeira e grande matriarca.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Consequência da Confiança



Origem do Nome:
Num tempo atrás antes da década de 30 os registros, principalmente no interior, não eram tirados na infância, levava-se um bom tempo para a ida ao cartório, até porque não era solicitados. O registro só era tirado quando cobrado, o que para os homens, só acontecia por ocasião do alistamento e para as mulheres, na maioria das vezes, por ocasião do matrimônio.

No início da década de 30, esse quadro foi mudado, o documento passou a ser tirado logo após o nascimento, nos primeiros anos ou primeira infância.

O que mudou foi a exigência do registro, da certidão de nascimento. No que se refere cobrança do documento, não houve alteração. Os pais iam a escola, deixava o nome do filho, e como na época, no interior, o que ainda hoje, não mudou muito, todos se conheciam, com isso o documento era dispensado. Apenas o nome pronunciado era suficiente para que o candidato tivesse a matrícula escolar garantida.

Dentre as muitas coisas ensinadas, o nome era uma delas. Os alunos diziam o nome e quanto ao sobrenome, repetiam o que os irmãos mais velhos costumavam pronunciar ou o nome que algum adulto pronunciava, muitas vezes aquele dito na pia batismal.

Hora do registro:
Ao chegar ao cartório falava-se o nome do registrando, nome dos pais, data de nascimento. Em muitos casos, a data de nascimento, o que não aconteceu com os filhos de João, não era a correta. Havia casos que a data apresentada era por conveniência, outras por esquecimento... Por muitas vezes os registros ficavam por conta dos padrinhos que davam ênfase ao sobrenome daquele que lhe era mais próximo. Neste emaranhado de situações encontramos pessoas cujo sobre nome ora são só do pai, ora só da mãe, ora primeiro do pai e segundo da mãe quando o correto é:

nome + sobrenome da mãe + sobrenome do pai = nome completo



Isso acarretou em muitas famílias sobrenomes errados. Na família de João Ferreira Gomes não foi diferentes, nela encontramos diversos sobrenomes tais como: Gomes da Silva, Ferreira de Jesus - (pai e mãe); Ferreira – (apenas parte paterna); Rosa de Jesus – (só parte materna); Ferreira Gomes – (só paterno). O próprio João só tinha o sobrenome da mãe: Ferreira Gomes de Ana Ferreira Gomes.

Nesta história maluca, o que se sabe é que todos os filhos sem exceção foram para a escola como Ferreira Gomes e os que não eram Ferreira Gomes só descobriram por ocasião do alistamento, casamento e outras com o título de eleitor.

Com referência "Consequência da Confiança" título dado: João Ferreira Gomes contava que o erro aqui mencionado se dava por conta do Cartório. Dizia ele que deixava o nome no cartório e o tabelião colocava o que queria. Será!!!  Será que João inteligente como só ele, deixaria passar esse erro sem que exigisse uma retificação?  

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Filhas não aprovam matrimônio do pai


Como já colocado Alzira e Maria sentiam ciúmes do pai. Com isso, a união de João com Antônia não foi bem aceita por elas. As duas, cada uma com suas particularidades, não facilitaram em nada a vida de Antônia. 

Maria era atrevida com personalidade marcante bem próxima da do pai. Fazia birra e gingava a quase todo instante. Birra e ginga foi a maneira que Maria encontrou para conseguir o que queria. João não fazia birra, mas sabia como e o que fazer para obter o que queria, porém se levarmos em consideração as idades teremos por um lado, João, homem feito, por outro, Maria, criança/adolescente. Também não se pode afirmar que João, sob as mesmas condições, não agiria da mesma forma, resumo, com birra ou sem birra Maria era toda, o pai.

Alzira o oposto, meiga, doce, roubava sempre a cena, atraia para si toda atenção de João. Assim sendo conseguia todas as mordomias. Andava sempre bem arrumada, bem vestida era a "princesinha do papai".

Cada uma, a sua moda, queriam ser a dona do “pedaço”. Não conseguindo o intento arrumaram suas coisas e mudaram para a casa de Nicodemos, foram morar com o casal. Lá também fizeram investidas na tentativa de tomar o lugar de Maria Matilde, não no coração do irmão. Elas queriam o lugar de donas da casa. Maria Matilde, também dona de forte personalidade, não deixou nem por instante que seu lugar fosse ameaçado. Resultado: Alzira e Maria não conseguindo objetivo voltaram para casa tendo permanecido lá pouco tempo.

Filho de Maria

No entanto, o fato de Maria e Alzira terem sido contra a presença de Antônia no seio da família, teve os dias contados. 

Alzira, Maria e outros filhos reconheceram e aceitaram Antônia como membro da família. Este reconhecimento foi registrado em forma de dedicatória no verso de algumas fotos. Foto com dedicatória eram usada como forma de presente. Antônia e João receberam vários desses mimos. Outro detalhe, a aliança de Antônia foi presente de Manoel (Silva), o filho mais velho de João.

Não se sabe a que atribuir a mudança de comportamento das duas, talvez tenha sido a maternidade. As duas casaram, cada uma a seu tempo. Foram mães extremosas e dedicadas. Quem sabe se a descoberta do sentimento que envolve a relação mãe e filho tenha contribuído. Provavelmente quando ambas se viram neste papel, abrindo mão de coisas em prol dos filhos tenham percebido a grandeza do gesto de Antônia.


Neta de Alzira

Antônia abriu mão da mocidade em prol de crianças que não eram suas, dividiu atenção, amor e carinho. Responsabilizou-se, adotando como dela, sete crianças de uma só vez. A que atribuiremos o ato de Antônia? A beleza de João, ao seu dinheiro? Não. Por vezes ouvi João repetir que Antônia dizia: “Lá vem João, magro, velho e feio montado numa égua preta.” Então imputaremos tal atitude a que, ao amor?

Não cabe a ninguém e nem tão pouco é o caso, julgar o comportamento e atitude de Alzira e Maria, este tipo de “coisinhas” acontece, e é muito comum, porque isto é ser família e esta é "Família Ferreira Gomes".

Obs.: Maria ficou conhecida como Maria Ferreira para uns e para outros, "Sinhora".


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Confusão no Casamento de João


João foi conviver com Antônia por volta de 1921, mas só no início da década de 40 foi que Dom Pedro Bandeira de Melo realizou a cerimônia, junto a do filho Nicodemos com Maria Matilde e do Senhor Faustino com Dona Paulina.

Tudo arrumado para o grande dia. Dentro dos preparativos estava incluído recital de poesia, contudo a cerimônia não transcorreu num clima de paz, houve discórdia. O desentendimento ocorrido não ficou por conta da famosa frase dita pelos celebrantes nesta ocasião: “Há alguém entre os presentes que tenha alguma coisa que impeça este casamento, que fale agora ou se cale para sempre?" Nem tão pouco foi por conta das filhas Maria e Alzira. Como é sabido, filhas mulheres, geralmente tem ciúmes do pai e mesmo sendo este o caso das duas, não foi o motivo.

A confusão se deu por conta de Alice filha do casal João e Antônia com Estelita filha dos vizinhos, Dona "Cota Amaral e do senhor Zé Elias". Ambas queriam recitar o mesmo poema “O Pássaro Cativo”. Não bastando o desentendimento,  a confusão arrumada pelas duas, Estelita caiu em pranto e chorou por horas a fio por não ter conseguido lembrar a poesia que se encontrava no livro da segunda série que serviu para todos os filhos de João. Na época os livros eram usados por todos o que significa que esses não eram efêmeros como são em sua maioria nos dias atuais.

A apresentação ficou por conta da vencedora deste duelo, Alice, que majestosamente fez a declamação.
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A poesia escolhida, Bilac, mostra o bom gosto eminente no sangue dos membros desta família. Esta é ainda hoje recitada por pelo menos uma das filhas. Elisa, que na época, ainda bem pequenina gravou na memória e na retina a obra deste grande mestre.


O Pássaro Cativo


Arma num galho de árvore um alçapão;
E em breve uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dar-lhe então uma esplêndida morada,
A gaiola dourada;
Dar-lhe alpiste e água fresca, ovos e tudo:
Mas mesmo assim o pássaro continua mudo
Arrepiado triste, sem cantar?
Oh! Criança,
Os pássaros não falam.
Gorjeando apenas sua dor exalam,
Sem que o homem possa entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os seus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:
Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre que voar me viste;
Solta-me, quero sol!
Quero o ar livre e o perfume da floresta!
Quero o esplendor da natureza em festa!
Quero cantar as pompas do arrebol!
Quero ao cair da tarde,
Soltar a minha tristíssimas cantigas!
Porque me prendes?
Solta-me covarde!
Não roubes a minha liberdade...
Deus me deu por gaiola imensidade:
Quero voar! Voar!...”
Essas coisas o pássaro diria,
Se pudessem o pássaro falar
E a tua alma, criança, sentiria esta imensa aflição:
E tua alma tremendo, lhe abriria
A porta da prisão... 

A obra  aqui colocada é a registrada na memória de uma das filhas de João presente na cerimônia e que aprendeu ou decorou do livro didático usado por todos como já citado. 

Caso queira conhecer a poesia de Bilac do livro: Poesias Infantis, Ed. Francisco Alves, 1929, RJ na integra acesse aqui.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ana uma das mulheres de João

João Ferreira Gomes, homem de muitas mulheres e de algumas Ana. Ana genitora, esposa, filha e algumas netas: Ana de Nicodemos, de Antônio e de Maria. A Ana aqui referida é a primeira esposa de João, dela não se conseguiu levantar dados como: Foto, pais, irmãos, só se sabe e por alto, de uma sobrinha moradora da rua Rockefeler no Bairro do Caju em Campos. Não se sabe se o casamento fora arranjado ou se fora por escolha, sabe-se apenas que ela fora dona de uma beleza natural, diferente, das mulheres da região. Era alta, esguia, possuía pele alva, cabelos negros, lisos e finos e fora o grande amor da vida de João.

João e Ana contraíram bodas por volta de 1908, tiveram sete filhos sendo quatro homens; Manoel, Antônio, Júlio, Nicodemos e três mulheres; Maria, Alzira e Ana. Ouvindo alguns relatos se concluiu que João adorava a esposa e fazia de tudo para dar a esta uma vida digna, e, com seus parcos recursos, um pouco de conforto. 

Ela cosia para fora o que chamamos de costureira. João para ajudá-la pagava uma pessoa para fazer os serviços domésticos e tomar contas dos seus pequenos.

Contudo com toda dedicação e sentimentos devotado a sua mulher, a vida conjugal parece não ter sido um mar de rosas, havia grandes desentendimentos a ponto de sua mãe a quem João respeitava muito, usando por vezes de autoridade, ter interferido.

Alzira - ao Fundo Hélio - filho
João ao lado de Ana não conseguiu alavancar como desejava. Há uma frase que por vezes, alguns netos ouviram João proferir “Triste do homem que coloca para dentro com uma pá enquanto a mulher bota para fora com uma colher”.  Os netos que ouviram a frase acreditam que João se referia a sua própria vida conjugal.

Como já mencionado anteriormente, Ana faleceu em 1919 ao dar à luz a menina a quem João deu o nome da mãe. João com a morte da esposa devotou a filha de nome Alzira, carinho e atenção redobrada. Alzira não sabe se por uma empatia nata, ou, se devido à semelhança que tinha com a mãe, passou ser a menina dos olhos do pai. Também se pode afirmar que Alzira por sua vez retribuiu este carinho e atenção.
  

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Os Ferreira Machado

Uma das residência habitada por Nicodemos
Dos filhos de João Ferreira foi o filho de Ana, Nicodemos, que deu o pontapé inicial no que se refere ao crescimento da família. Em 1936 Nicodemos tomou por esposa Maria Matilde Machado Sobrinho que passou a se chamar doravante Maria Matilde Gomes.

Apesar da família Ferreira Gomes ter uma base católica a cerimônia aconteceu só no civil. Maria Matilde apesar da pouca idade, 17 anos, era uma pessoa de decisão resolvera não se vestir com o tradicional vestido de noiva. Ela havia sofrido um acidente que lhe causou queimadura em parte do corpo. Este fato fez com que tomasse a tal decisão, com isso, até a interferência de Dom Pedro Bandeira de Melo a cerimônia religiosa não acontecera.

Maria Matilde fora totalmente apaixonada pelo esposo, e com isso experimentou um sentimento chamado ciúmes. Ela nutriu grande ciúme daquele que elegera por companheiro.

Talvez, devido aos instintos femininos existentes na maioria das mulheres, já que nunca soube-se nada de concreto no que alude a conduta de Nicodemos, Maria Matilde por vezes proferiu a frase; “Se há de Nicodemos casar com outra peço a Deus que ele fique somente com uma camisa.”

Esta, mesmo sendo mais nova que o esposo 7 anos se via em apuros quando a pequena localidade de Babosa recebia vinda da capital “Nana” uma mulher casada, mas que representava para Maria Matilde  um grande risco, era bonita, bem vestida, liberal e acima de tudo do Rio de Janeiro e que não escondia o interesse por Nicodemos. Por outro lado os homens da Família Ferreira Gomes, como exemplo Sr. João Ferreira, são conhecidos em sua maioria por homens “mulherengos”. Por não se saber nada em relação a conduta de Nicodemos no que tange ser mulherengo, atribuo o comportamento de Maria Matilde ao instinto feminino gritando dentro dela.

O casal teve 14 filhos: José, Marina, Hélio, Aloízio, Ana, Alci, Manoel, Renato, Irene, Francisco, Amaro, Arlete, Nivaldo e o último não chegou a nascer Maria Matilde faleceu no parto levando este no útero, todas Ferreira Machado. Nesta família iniciada por Nicodemos e Maria Matilde notamos o já notado na família de João, erro no sobrenome dos filhos, estes deveriam ser "Machado Gomes". Será que descobriram, em tempo, estética sonora e deram um jeitinho brasileiro?

Nicodemos, viúvo, provavelmente em respeito a memória da esposa ou consideração aos filhos, não contraiu nova núpcias  apesar de se ter ciência do sentimento não deflagrado, no ar, existente entre ele e Maria filha de Olinda Maria da Conceição, respectivamente sobrinha e irmã de Antônia Rosa de Jesus esposa de João Ferreira Gomes.  Ana filha do casal por ciúmes muito contribuiu afastando do caminho do pai todo “rabo de saia” que tentou se aproximar.

Nicodemos, Antônia, João Ferreira, Terezinha e Olavo.
A atitude de Ana é uma das características das mulheres da Família Ferreira Gomes incorporada muito bem por Maria Matilde assim como é característica, família numerosa e “galinhagem” entre os homens, porém é necessário registrar, como muito bem colocado por Pitágoras  “Para toda regra existe exceção”.

Fiquem com as poucas imagens que por hora consegui de alguns dos membros desta numerosa família. Quanto a Maria Matilde é fato: Ela não se deixava fotografar. Não consegui descobrir o porquê. O único registro que se tem conhecimento é uma foto de lado e ao mesmo tempo de costa tirada por Alice, filha de João Ferreira, mas que não foi localizada. Agora fiquem com as imagens clicando aqui.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

As faces de João

João Ferreira Gomes, o homem que Ana Ferreira Gomes, sua mãe, dizia ser “sem juízo” transformou-se num exímio chefe de família, exemplo e orgulho para filhos e muitos netos. Foi homem enérgico, tratou os filhos debaixo de seus costumes, crenças e lei. Sua lei era da honestidade, trabalho e palavra. Homem tem que ter e ser de palavra, honrar o fio do bigode. Foi um paradoxo, austero e ao mesmo tempo carinhoso, cuidava das necessidades dos seus e tentava realizar os desejos de todos da família tentando dar a estes as maravilhas e conforto oferecido pela chamada modernidade.

Ilustrando:

João Ferreira quando comprou a casa de Campos foi numa loja chamada Casa Terra, demolida recentemente - 09/02/2011 e adquiriu toda mobília e utensílios para casa.
                                                                   
Imagens da Casa Terra no Corredor Cultual em Campos dos Goytacazes
Entre os utensílios uma novidade, fogão a lenha chamado de fogão econômico, diferente do usado na casa da Babosa fixo e barreado (cobertura de barro em cima de tijolo cru, alvenaria) era pesado, mas, móvel, de chapa, branco. A lenha usada era em pedaços pequenos diferente do conhecido cuja lenha usada era pedaços grandes, tora. Confira mais imagens.

Contudo a novidade, não se sabe se por má instalação, por peculiaridade ou outro motivo qualquer, sujava as paredes da cozinha que constantemente necessitavam de pintura. No fim da década de 50, aproximadamente entre 1957/58, João ficou sabendo da existência do fogão a gás, um fogão que nem as panelas sujava, que cozinhava e assava tudo, branco, as panelas a serem usadas não precisavam ser de ferro e principalmente o mais importante, não enfumaçava, não fazia sujeira. João ávido por novidades adquiriu o fogão. A novidade agradou tanto que se colocou um prato no fogo. O que aconteceu? O prato espatifou. O refratário ainda não havia sido descoberto ou não havia chegado à região.

Apesar de João tentar atender a todas as necessidades da família, talvez por sua austeridade, os filhos receavam quanto a apresentarem desejos ou pedidos. Sabe-se que os móveis adquiridos para a varanda, móveis de vime uma espécie de palha usada na fabricação de móveis, por pegarem sol começaram a ficar feios. As filhas que herdaram a vaidade do pai queriam móveis novos, mas quem ousava pedir. Eliza a caçula das mulheres foi quem encarou a “fera”. Contou-lhe sobre uns móveis de ferro que havia visto e que seria para toda vida. Acredito que esta não errou.
Os móveis usados até hoje 16/09/11
Quando chegou o dia de Eliza ir para casa de Campos, foi tomar benção como de costume, o pai depois de abençoá-la mandou que esta pega-se, no dinheiro das despesas, o valor para compra dos tais móveis, duas cadeiras e uma mesa, valor suficiente para compra à vista, o que foi feito. Alias tudo que João adquiria era a vista.

As duas histórias apresentadas servem simplesmente para corroborar a descrição de quem foi João Ferreira em seu temperamento e caráter.

Este mesmo homem de quem os filhos tinham receio, porque era severo, porque deles muitas vezes apanharam e ouviram gritos e broncas, este homem temido pelos filhos, mas que os atendia e na medida do possível realizava todos os seus gostos e desejos, cantava para os netos fazendo estes dormirem. Ele pegava as crianças, uma de cada vez, colocava debruço em suas pernas e dando nas nádegas leves tapinhas ritmados cantava uma cantiga cuja letra era mais ou menos assim:

     “Oh! Seu Romeu,
     Que sorte essa sua,
     Casar com uma mulher que acha tudo pela rua.
     Na Rua Uruguaiana onde ela acha de tudo.
     Foi lá que ela achou um casaco de veludo.

     Trá lá lá lá lá.
     Trá lá lá lá lá.

     Mulher não vai ao fado.
     Marido eu vou eu vou.”

Outras vezes na cantiga o verso em que dizia que a mulher achou um casaco de veludo era trocado por, "achou um Cadillac com chofer e tudo". Quando aquela criança adormecia, ele entregava o pequeno para a mãe que o colocava na cama, pegava outro e a cantiga reiniciava até que aquele também caísse no sono .

Muitas vezes adormeci sob este som. Oh! Doce infância, que bom que ainda vives em forma de lembranças.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Regalias

O crescimento econômico de João não teve só o auxílio e colaboração de Antônia, João contou também com a ajuda dos filhos. Cito aqui, sem esquecer nenhum, Antônio e Olavo.

O negócio da comercialização de ovos se expandia e João não conseguindo produzir o suficiente para atender a demanda passou a comprar ovos da vizinhança. Antônio  que ficou conhecido como Ferreira e Olavo também ajudavam na coleta e transporte dos ovos. 

Certo dia quando Antônio ia entregar os ovos, ao passar próximo a uma linha de trem, este apitou, o cavalo se assustou dando um pinote, Antônio foi parar no chão. Resultado, machucado, sujo, melecado pelos ovos, sem mercadoria e para completar ao chegar a casa levou uma surra do pai. Da queda Antônio herdou uma cicatriz no pé que levou até o fim da vida. Já Olavo, filho caçula, por sua vez levou broncas homéricas por adquirir ovos estragados, choco que comprava de Maria esposa de Pedro Pilão. Senhor Celso Pereira quando chegava para comprar os ovos, escolhia e dizia: Este sim, este não, e, lá iam os ovos pelos ares e o dinheiro também porque o que ficava era o prejuízo.

O que vemos é que o negócio de João era como um negócio qualquer com perdas e riscos e como João era bom de cálculo tudo era computado, digo, calculado e João continuava crescendo.

Na época era costume entre as famílias de posse o pai dar moradia para filho homem quando este constituía família. Nicodemos se casa e João cede os cômodos construídos para o irmão Manoel “Neco” como costume.

Esboço do vaso sanitário.
João foi adquirindo com o passar do tempo, conforto e praticidade, sua casa ganhou cozinha de farinha e foi uma das primeiras do local a ter energia elétrica, geladeira, televisão, liquidificador. Ganhou quarto de banho, chuveiro elétrico... Banheiro? As necessidades eram feitas no canavial, mas João! Este possuía uma espécie de banco feito de madeira de lei, sem assento, uma espécie de vaso sanitário móvel o que dispensava descarga. Pergunto: Quem frequentou a casa de João quando este ainda vivia que não tenha conhecido o vaso sanitário ou que não tenha usado o canavial para fazer as necessidades?

As novidades não pararam por aí, comprou casa em Campos, passou a alugar casa de veraneio na Praia de Farol de São Thomé até que seus filhos Amaro e Antônio construíram e ele passou a veranear na casa destes. João teve Willys a sua disposição e sua residência recebeu objeto de decoração como exemplo relógio de parede.

Relembre este período vendo imagens da época  clicando aqui em regalias.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

De João a "Senhor João"

João Ferreira, como já mencionado com a ajuda imprescindível de Antônia e também dos filhos, conseguiu construir um patrimônio considerável para sua origem. Passou a ter uma vida de luxo, agora João já não fumava cigarro feito de fumo de rolo em palha de milho, usava papel importado, cujo charuto só ele sabia enrolar, suas camisas eram de puro linho, emprestava dinheiro a juros. Era asseado, tinha um profissional que cuidava de seus cabelos e barba que o atendia em casa, senhor Júlio Lima. Seus filhos cortavam suas unhas e isto só podia ser feito aos sábados, segundo João, vaidoso como só ele, as unhas cortadas nos dias de semana ficavam feias o motivo é que os dias de semanas possuem “feira”.

Da esquerda p/direita: João Ferreira Gomes, Luiz Souza, Manoel
Constantino de Freitas, Crisanto Henrique,  D. Pedro Bandeira de
Melo, Manoel Martins de Santos, Antônio Freitas, Otávio José
Pessanha e Levino Gomes Maciel
Considerado como homem de recurso contribuiu para a construção da capela local, Capela de Santa Cruz que acredita-se ter tido sua construção terminada em abril de 1939 e  primeira missa celebrada em 03 de maio pelo Padre Dom Pedro Bandeira de Melo, na festa de Santa Cruz comemorada, na época, nesta data, hoje, devido a descobertas recentes a festa de Santa Cruz passou a ser comemorada no dia 14. Essa capela encontra-se em obra de expansão e restauração. O trabalho realizado na capela vem preservando todas as características primitivas.

Capela de Santa Cruz em Babosa
Em reforma - agosto de 2011.

Esta contribuição para mim e para muitos não foi novidade. Novidade foi ter achado no acervo da capela, foto com a imagem dos colaboradores e como não poderia deixar de ser, lá está João entre outros que também foram fundamentais na realização desta obra.


João deixou de ser apenas João Ferreira e passou a ser, Senhor João Ferreira, em linguagem local, “seu João Ferreira”, nome até os dias atuais, lembrado e reconhecido.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Do Patrimônio


João com a ajuda de Antônia, com a venda dos ovos deixou de trabalhar para terceiros e passou arrendar terras para plantio. Conseguiu juntar recursos e aos poucos foi adquirindo lotes, ora aqui ora ali. Contudo o negocio dos ovos não parou, foi ampliado, João passou a comprar ovos da vizinhança e a vendê-los para a Capital, na época, Rio de janeiro.

João já com um patrimônio razoável constrói uma casa ao lado da construída para seu irmão “Neco” onde estava morando seu filho Nicodemos, neste ponto, casado com Maria Matilde. Nesta nova casa João vai morar com os filhos. Pega as terras que possuía antes de Antônia, acrescido de mais dois lotes e divide entre os filhos da primeira esposa, assim os filhos de Ana recebem a herança da mãe e digamos, observação minha, com juros, devido ao tempo levado para a divisão. João mostra com esse ato ser um homem além de honesto, justo me reportando a parábola dos talentos (Mt. 25;14-20).

João faz nas proximidades da casa um pequeno pomar. O pomar tinha frutas como: laranja, manga, jenipapo, lima, Jamelão conhecido na região como azeitona, mamão, goiaba, carambola, banana de várias espécies e frutas nativas como, por exemplo, araçá, maracujá do mato, pitanga entre outras, comprou gado criava também porcos, e, as galinhas.

Dono de uma sabedoria nata sabia que a terra cansava com a monocultura então fazia curral itinerante e daí tinha em pouco espaço físico uma lavoura bem sucedida.

João continuou economizando e adquirindo pedaços de terras pelas redondezas, confira aqui. Tornou-se lavrador, plantador de cana de açúcar que eram vendidas para usina local. Na época Campos possuía um número considerável de usinas açucareira. Também cultivava aipim, abobora e outros produtos para consumo da família.

Não posso deixar de mencionar que João contou também com a ajuda dos filhos e de alguns netos, mas esta é outra história.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Boitatá


A Lenda diz que o boitatá é uma grande cobra que se alimentava dos olhos de animais. Com o desmatamento os animais sumiram e a cobra sem alimento acabou morrendo. 

Nas noites escuras a cobra volta e assusta indígenas e colonos. Seu corpo possuí vários pontos de luzes que são atribuídos aos olhos que ela comia. De sua cabeça saem labaredas de fogo.


João encontra o Boitatá

Conta-se que num certo dia João Ferreira foi visitar a irmã Maria Ferreira Gomes conhecida por “Marica” em Campo de Areia onde residia. Conversa vai conversa vem entram noite adentro. Ficando tarde a irmã tenta convencê-lo a pernoitar ali, pois corria o boato de que andava pela região um boitatá.

João Ferreira, homem cético, recusou o convite. A irmã insistiu e ele descrente brinca dizendo que se encontrasse um boitatá pegaria um filhote, colocaria no cesto e levaria para criar e saiu rumo a casa até que na estrada, próximo a um valado, o animal para. Sem saber o que fizera o animal parar, João firma o olhar, ao encarar o escuro da noite, vê a sua frente algo como uma chama, uma bola de fogo, dançando, soltando faísca.

João destemido espora o cavalo forçando o animal seguir em direção ao fogo que dançava em sua frente como um leque levando-o dali para acolá. Após muito tempo galopando sem rumo certo, sem saber mais onde se encontrava João é vencido pelo cansaço.

Apeia saca fumo de rolo, palha de milho cortada, faz um cigarro e fuma, contudo os pensamentos lhe atormentam. Porque não ouvi minha irmã e os seus? Porque não pernoitei lá? Agora vou passar a noite aqui, no relento. E o tempo, por sua vez, continuava passando, passando até que ele  ouve um galo cantar.

João monta no cavalo e se deixa conduzir. A esta altura João já não sabia nem mais para que lado ficava a estrada. O Cavalo continuava seguindo até que João avista uma casa e um homem que acabara de chegar da pescaria. O homem era seu cumpadre Chico Elias, mas João cansado, perdido não o reconhece e busca informação. Pergunta que lugar era aquele e o homem por sua vez sabendo ser ele, João Ferreira, seu compadre, responde: “O que está acontecendo João? Onde você passou a noite?” E João lhe conta o acontecido. O compadre diz também ter visto a luz, lhe mostra a estrada que estava logo ali, ao lado. O cavalo lhe conduzira direitinho. João chega à casa ao amanhecer, por volta das cinco horas, hora de ir para a lida.

Foi assim que o descrente, o cético e destemido João, passou a acreditar.

Não se pode aqui, precisar quando tal fato ocorreu, contudo sabe-se que foi quando João estava casado com Ana sua primeira esposa o que quer dizer que foi antes de setembro 1919, ano e mês de seu falecimento. Se fruto da imaginação, se fruto do medo ou se verdadeiramente existiu ou existe o boitatá a dúvida para muitos permanecerá. O fato é que João morreu acreditando ter visto o boitatá e eu por minha vez descobri num site de pesquisa a figura que ilustra este texto que por coincidência, ou não, é a descrição exata feita por João.

Fonte da  Imagem

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Uma Mulher na Vida de João

Uma mulher simples com um filho pequeno, sem sobrenome, documento, conhecimento de data natalícia vai trabalhar na casa de João Ferreira. João por sua vez tendo agora uma mulher responsável, dedicada dentro de casa trás a pequena Ana com aproximadamente 4 anos de volta para casa.

João Ferreira, viúvo vendo o cuidado e dedicação dada a seus filhos. Sabendo ser ela, solteira, irmã de  Olinda Maria da Conceição, Otilia Gomes Batista, Crisanto Barreto e Miguel dos Anjos, Ana, Benedita, Donária, Josefa, (o sobrenome dos últimos irmãos, aqui mencionados, não foram levantados, mas se sabe que cada um possuía um sobrenome diferente), sendo filha de José Cesário da Rosa e de Maria José de Sant’Anna, esta de raça negra, resolve e constitui com Antônia, família.

João Ferreira providencia para ela nome, registro de nascimento. Coloca no documento o nome do pai “Rosa” e o outro nome, é buscado na história dos parentes de Antônia e alheatoriamente adota “Jesus”. Passa Antônia a partir daquele momento a ser Antônia Rosa de Jesus, quanto ao filho ele dá o seu nome, e Hermes passa a ser, Hermes Ferreira Gomes.

João Ferreira trabalhava na lavoura de terceiros, mas com a ajuda de Antônia começa a criar galinha e comercializar ovos. O casal ficava até tarde embalando os produtos a serem comercializados no dia seguinte.

João Ferreira com tino comercial, vontade de crescer e com a ajuda de Antônia passa a fazer economia e aguardar algum dinheiro até que consegue comprar o lote de terra de frente ao seu. Neste pedaço de terra constrói quatro pequenos cômodos para o seu irmão Manoel (Neco) que morava no "sertão". Sertão aqui não se sabe se era o nome do lugar ou um lugar afastado, "Neco" viria para a Babosa, morar com sua esposa.

Quando a casa fica pronta para receber o casal, João Ferreira recebe do irmão correspondência informando que a esposa morrera, ficará viúvo, contudo ele iria fixar residência na Babosa, próximo dos seus. Com a chegada de “Neco” sem esposa e sem filhos, só, João solidário convida o irmão para morar em sua casa. O convite foi aceito e todos passam a viver sob o mesmo teto.

Antônia Rosa de Jesus
Os filhos de João Ferreira contam que o “tio Neco” era muito paciente, querido, contava histórias e os ajudava na lição de casa.

Vemos aqui, que apesar do casal ser do interior, roça, eles cuidam da educação dos filhos mandando-os para escola, acompanhando a lição, coisa que até hoje, décadas depois, ainda não é comum se considerarmos as condições e a base de muitas famílias sob o mesmo aspecto. Notamos também que João cultivava o hábito de se comunicar por meio de correspondência, carta.

Da união de João Ferreira com Antônia nasceram oito filhos. Fico imaginando como que Antônia conseguiu dar conta de uma família tão numerosa, sete filhos de João com a primeira esposa; Manoel, Maria, Antônio, Nicodemos, Julio, Alzira e Ana. Nove filhos de Antônia sendo oito com o esposo; Hermes, Amaro, Julia, Thomé, Sérgio, Alice, Appolônia, Eliza e Olavo. Manoel (cunhado),  João (esposo) e Celso (filho do coração). Com certeza a luta foi árdua, casa para cuidar, dezenove pessoas para cozinhar, lavar, e ainda arrumava tempo para ajudar o esposo a embalar os ovos a serem comercializados.

Antônia merece nesta história um lugar de destaque foi mulher guerreira, merecedora do slogan que diz: “Por detrás de todo grande homem há sempre uma grande mulher”.