sábado, 24 de dezembro de 2011

Brinde de Natal


Acreditando ser o Natal momento de interiorização e reflexão, festa da família, trago para todos um pouco do trabalho que estou realizando em forma de brinde é certo que para este brinde contei com a ajuda de Silvio Mambreu.

Deixando de suspense, e desejando a todos uma noite de paz e muita alegria, fiquem com as imagens e meu voto sincero de um  FELIZ NATAL.

                               

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Os Silva Santos


1959
Entre as mulheres da família Ferreira Gomes teve uma cuja vida foi pautada por sofrimento, mas com todas as adversidades ela conseguiu ser uma das mais doces criaturas existentes. Tudo nela era diferente, seu timbre de voz, seu cabelo, sua história. Estou falando de Ana.

Ana que recebeu o nome da mãe recebeu também a dor da rejeição. As irmãs mais velhas talvez pela inocência, pela pouca idade ou pela dor sentida com a perda da mãe colocaram nos ombros desta, a responsabilidade pela morte de sua genitora. 

Devido a essa fatalidade e por João sozinho não poder e não saber tomar conta de um recém nascido, entrega a pequena para outra família que lhe cuidou e tratou bem, contudo o que conta é a marca gravada por ter tido seu direito de convivência familiar junto aos irmãos abortado em sua primeira infância.

Quando João foi conviver com Antônia ela voltou para casa. Contava nesta época com aproximadamente cinco anos, contudo a convivência com as irmãs não foi das melhores e Ana viveu um bom tempo como um bichinho acuado. Já mocinha iniciou namoro com um rapaz da localidade José Manhães por quem Ana se apaixonará. Esta parte da vida onde os romances e as paixões se afloram Ana também não foi bem sucedida. O seu grande Amor lhe deixou e começou a namorar Dora conhecida na localidade por Dorinha com quem se casou.

A tristeza de Ana era tão grande que o seu irmão mais velho, Manoel, já casado, vendo a tristeza da irmã convenceu seu pai João Ferreira Gomes a deixá-la ir passar um tempo em sua casa. Foi assim que Ana Foi morar no Rio.

No Rio conheceu outro rapaz, da cidade de Campos sua terra natal. Esse a pede em casamento e ela vai até a casa do pai lugar onde o pedido seria oficializado, contudo descobre-se que o rapaz não era lá boa coisa e Ana consegue em tempo, sair de cena. De volta ao Rio, depois de período ela conhece um baiano de nome Arlindo com quem contraiu bodas.

Ana volta à casa do pai, para providenciar os preparativos para o casamento. João contratou uma senhora para ajudar. As pessoas da casa, digo, as mulheres da casa na época se apavoraram com a pessoa contratada por causa dos doces que essa preparava. Imaginem, naquela época, ser servido em casamento doce de abóbora! Mas foi assim os doces servidos no casamento de Ana, de frutos colhidos no quintal. Outro fato que aconteceu que pode parecer bobagem, mas é a forma que tenho para contar a como as coisas foram sendo introduzidas na vida dos Ferreira Gomes. Por conta do casamento entrou pela primeira vez na casa uma lata da fruta seca conhecida por ameixa que também seria usada nos doces a serem servidos. Suely, filha de Manoel vinda do Rio para o casamento chega para a tia de nome Eliza e pergunta se podia comer as tais frutinhas. Eliza permite. Suely, sob a permissão, não faz por menos come todas. Quando  perguntam pelas frutas só a lata foi encontrada.

O dia do casamento chega. Na capela de Santa Cruz sob as bênçãos de Dom Pedro Bandeira, Ana cassa-se com Arlindo Bispo dos Santos formando assim mais uma paleta no legue Família Ferreira Gomes, agora os Silva Santos. 

A foto ao lado mostra os noivos, mas não pensem vocês que foi tirada no dia, imagine se naquela época poderia se contratar fotógrafo para ir ao interior (Babosa) registrar festas, isso além de ser um luxo, fotógrafo com automóvel não existia. ônibus! além de não passar perto de deixar os passageiros longe do local só tinha uma vez no dia. Máquina fotográfica com flex, nem pensar. Bom num outro dia, os noivos se vestiram como no dia do casamento e fizeram o registro.

A vida de Ana não entrou nos eixos, Ana ainda não conhecerá a felicidade, não teve filhos, mas em sua vida surgiu o Alexsandro, para nós Alex, filho do coração. Ana passou a maior parte de sua vida sob a tristeza da frustração, porém submissa aquilo que acreditava buscou refúgio para seu desalento na religião, mas essa história fica para depois.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

João Faz 90 Anos

Certa vez, atravessou no caminho de João uma cigana e esta lhe disse que se casaria, teria muitos filhos, melhoraria de vida, mas não viveria muito, morreria novo.

João Ferreira Gomes homem cético, passou a vida sob o espinho dessa revelação. A cada aniversário aproximado, na certeza da elevação do número de anos e da concretização das revelações feitas, João experimentava uma tristeza profunda. Para ele era como se a morte estivesse batendo a porta o que não deixa de ser uma verdade. A cada dia vivido (não se choquem) é uma aproximação da morte.

As palavras da cigana martelavam na cabeça de João tirando-o do eixo. Ele tratava essa questão com um medo quase irracional. Certa vez Silvio Mambreu, esposo de sua Filha de nome Alice,  tentou ponderar na tentativa de aliviá-lo da sensação de desconforto, do medo vivenciada todos os  anos. João foi áspero e como num gatilho imediatamente respondeu “O que você entende disso?” Calando Silvio.

João Ferreira Gomes foi um misto: de cordeiro a leão, de crente a pirrônico. Neste paradoxo me perco, não consigo entender como um homem inteligente que não temia boitatá, lobisomem deixou se levar por frase de cigana! Porém nem a frase nem o medo vivido, abreviaram os dias de João que faleceu em 1974 aos 97 anos para uns e para outros com 104 primaveras.

Contrariando a premunição em agosto de 1967 a residência dos Ferreira Gomes entrou em clima de festa a exceção de Julio todos os demais filhos compareceram junto de seus consorte. Os netos em sua grande maioria também prestigiaram o acontecido e foi só a partir desse ano que João conseguiu se despir do medo o qual foi prisioneiro por quase toda uma vida.

A casa já não mais tão pequenina contava nesta época com 5(cinco) quartos. Todos foram ocupados, alguns dormiram nos vizinhos e outros, como eu, dormiram na sala em camas improvisadas. As camas improvisadas foram espalhadas pelo chão dos quartos, salas. A minha, "__Doce lembrança!" fora armada debaixo da mesa. 

As imagens não são muitas a máquina fotográfica, era este o nome usado na época para o objeto que registrava imagens, não contavam com fleche e as fotos foram feitas do lado de fora da casa sob a luz do sol. Fique com algumas dessas imagens.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Antônio Ferreira


Hoje falar-se-á de Antônio Ferreira Gomes. Antônio nascido em 24 de janeiro de 1911 passou a infância na localidade de Babosa onde nasceu e ficou até o dia de comparecer para o alistamento ao serviço militar lá pelos idos de 1919. Como já mencionado sua infância não foi fácil como não foi fácil a infância de nenhum dos filhos de João. Todos os filhos de João sem exceção foram bem cedo para a chamada "lida" e sejamos claro João Ferreira Gomes trabalhou muito, construiu, para suas origens, um império, mas sejamos justo ele foi administrador. Quem realmente pegou no pesado foram os filhos.

Antônio abraçou o comércio que se iniciou com a compra e venda de ovos na casa do pai, já também mencionada aqui quando relatei uma queda do cavalo ocorrida com o susto causado pelo apito de um trem. Tal fato, hoje, seria considerado como acidente de trabalho.

Antônio quando deu baixa no serviço militar continuou no Rio na casa de Dona Amélia. Amélia chamada por todos carinhosamente de Amelinha era natural de Campo de Areia e fora quem tomará conta dos filhos de Ana, primeira esposa de João, para que esta fizesse suas costuras. Com a morte de Ana Amelinha deixou de trabalhar na casa dos Ferreira e fora trabalhar na capital, Rio de Janeiro e lá se casou.

Amélia era quem recebia os da localidade quando estes iam para o Rio. Ela sempre dizia: "Na minha casa não tem luxo, mas comida eu garanto." Foi quem recebeu os filhos de João quando estes foram para o serviço militar e por lá permaneceram, o compreensível. Foi ela quem encaminhou Antônio para as "Casas Gaio Marte" na qual conseguiu cargo de chefia. Antônio por sua vez abriu as portas para outros irmãos a exemplo: Manoel, Amaro, Sérgio... Quase todos os Ferreiras passaram por lá.

Antônio passou a ser conhecido como Ferreira e mesmo fazendo um tempo considerável longe da residência do pai este exercia influência e domínio sobre ele. Certa vez visitando o pai em sua casa este lhe perguntou por Amelinha. Antônio responde que fazia tempo que não tinha notícias. João Ferreira ficou bravo e num tom mais elevado que o normal lhe interrogou. “__ É assim que você trata o prato que come?” Fez Ferreira procurá-la, tratá-la com consideração e ainda trazer notícias.

Ferreira se casou com Valdimira e deste matrimônio nasceram dois filhos O menino que levou seu nome Antonio Ferreira Gomes Filho e a menina que recebeu o nome da avó, Ana. Ferreira embora casado, com família constituída, manteve diante do pai um grande respeito, respeito este que é guardado até hoje na lembrança, na memória dos filhos.

É isto que me encanta nesta família. Pessoas sem exceção repletas, desde João, de defeitos, atravessam gerações quer seja em presença quer seja na lembrança, unidas no respeito, no carinho e embora geograficamente falando, separados, mas unidos no amor e na admiração.

Muitas histórias há a serem contadas. A vida não se passou no resumo de uma página e é neste baile, nesta dança neste vai e vem que pretendo mostrar a admiração que tenho desta gente embora mista de nomes diferentes, tão iguais na essência.