quarta-feira, 31 de agosto de 2011

De João a "Senhor João"

João Ferreira, como já mencionado com a ajuda imprescindível de Antônia e também dos filhos, conseguiu construir um patrimônio considerável para sua origem. Passou a ter uma vida de luxo, agora João já não fumava cigarro feito de fumo de rolo em palha de milho, usava papel importado, cujo charuto só ele sabia enrolar, suas camisas eram de puro linho, emprestava dinheiro a juros. Era asseado, tinha um profissional que cuidava de seus cabelos e barba que o atendia em casa, senhor Júlio Lima. Seus filhos cortavam suas unhas e isto só podia ser feito aos sábados, segundo João, vaidoso como só ele, as unhas cortadas nos dias de semana ficavam feias o motivo é que os dias de semanas possuem “feira”.

Da esquerda p/direita: João Ferreira Gomes, Luiz Souza, Manoel
Constantino de Freitas, Crisanto Henrique,  D. Pedro Bandeira de
Melo, Manoel Martins de Santos, Antônio Freitas, Otávio José
Pessanha e Levino Gomes Maciel
Considerado como homem de recurso contribuiu para a construção da capela local, Capela de Santa Cruz que acredita-se ter tido sua construção terminada em abril de 1939 e  primeira missa celebrada em 03 de maio pelo Padre Dom Pedro Bandeira de Melo, na festa de Santa Cruz comemorada, na época, nesta data, hoje, devido a descobertas recentes a festa de Santa Cruz passou a ser comemorada no dia 14. Essa capela encontra-se em obra de expansão e restauração. O trabalho realizado na capela vem preservando todas as características primitivas.

Capela de Santa Cruz em Babosa
Em reforma - agosto de 2011.

Esta contribuição para mim e para muitos não foi novidade. Novidade foi ter achado no acervo da capela, foto com a imagem dos colaboradores e como não poderia deixar de ser, lá está João entre outros que também foram fundamentais na realização desta obra.


João deixou de ser apenas João Ferreira e passou a ser, Senhor João Ferreira, em linguagem local, “seu João Ferreira”, nome até os dias atuais, lembrado e reconhecido.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Do Patrimônio


João com a ajuda de Antônia, com a venda dos ovos deixou de trabalhar para terceiros e passou arrendar terras para plantio. Conseguiu juntar recursos e aos poucos foi adquirindo lotes, ora aqui ora ali. Contudo o negocio dos ovos não parou, foi ampliado, João passou a comprar ovos da vizinhança e a vendê-los para a Capital, na época, Rio de janeiro.

João já com um patrimônio razoável constrói uma casa ao lado da construída para seu irmão “Neco” onde estava morando seu filho Nicodemos, neste ponto, casado com Maria Matilde. Nesta nova casa João vai morar com os filhos. Pega as terras que possuía antes de Antônia, acrescido de mais dois lotes e divide entre os filhos da primeira esposa, assim os filhos de Ana recebem a herança da mãe e digamos, observação minha, com juros, devido ao tempo levado para a divisão. João mostra com esse ato ser um homem além de honesto, justo me reportando a parábola dos talentos (Mt. 25;14-20).

João faz nas proximidades da casa um pequeno pomar. O pomar tinha frutas como: laranja, manga, jenipapo, lima, Jamelão conhecido na região como azeitona, mamão, goiaba, carambola, banana de várias espécies e frutas nativas como, por exemplo, araçá, maracujá do mato, pitanga entre outras, comprou gado criava também porcos, e, as galinhas.

Dono de uma sabedoria nata sabia que a terra cansava com a monocultura então fazia curral itinerante e daí tinha em pouco espaço físico uma lavoura bem sucedida.

João continuou economizando e adquirindo pedaços de terras pelas redondezas, confira aqui. Tornou-se lavrador, plantador de cana de açúcar que eram vendidas para usina local. Na época Campos possuía um número considerável de usinas açucareira. Também cultivava aipim, abobora e outros produtos para consumo da família.

Não posso deixar de mencionar que João contou também com a ajuda dos filhos e de alguns netos, mas esta é outra história.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Boitatá


A Lenda diz que o boitatá é uma grande cobra que se alimentava dos olhos de animais. Com o desmatamento os animais sumiram e a cobra sem alimento acabou morrendo. 

Nas noites escuras a cobra volta e assusta indígenas e colonos. Seu corpo possuí vários pontos de luzes que são atribuídos aos olhos que ela comia. De sua cabeça saem labaredas de fogo.


João encontra o Boitatá

Conta-se que num certo dia João Ferreira foi visitar a irmã Maria Ferreira Gomes conhecida por “Marica” em Campo de Areia onde residia. Conversa vai conversa vem entram noite adentro. Ficando tarde a irmã tenta convencê-lo a pernoitar ali, pois corria o boato de que andava pela região um boitatá.

João Ferreira, homem cético, recusou o convite. A irmã insistiu e ele descrente brinca dizendo que se encontrasse um boitatá pegaria um filhote, colocaria no cesto e levaria para criar e saiu rumo a casa até que na estrada, próximo a um valado, o animal para. Sem saber o que fizera o animal parar, João firma o olhar, ao encarar o escuro da noite, vê a sua frente algo como uma chama, uma bola de fogo, dançando, soltando faísca.

João destemido espora o cavalo forçando o animal seguir em direção ao fogo que dançava em sua frente como um leque levando-o dali para acolá. Após muito tempo galopando sem rumo certo, sem saber mais onde se encontrava João é vencido pelo cansaço.

Apeia saca fumo de rolo, palha de milho cortada, faz um cigarro e fuma, contudo os pensamentos lhe atormentam. Porque não ouvi minha irmã e os seus? Porque não pernoitei lá? Agora vou passar a noite aqui, no relento. E o tempo, por sua vez, continuava passando, passando até que ele  ouve um galo cantar.

João monta no cavalo e se deixa conduzir. A esta altura João já não sabia nem mais para que lado ficava a estrada. O Cavalo continuava seguindo até que João avista uma casa e um homem que acabara de chegar da pescaria. O homem era seu cumpadre Chico Elias, mas João cansado, perdido não o reconhece e busca informação. Pergunta que lugar era aquele e o homem por sua vez sabendo ser ele, João Ferreira, seu compadre, responde: “O que está acontecendo João? Onde você passou a noite?” E João lhe conta o acontecido. O compadre diz também ter visto a luz, lhe mostra a estrada que estava logo ali, ao lado. O cavalo lhe conduzira direitinho. João chega à casa ao amanhecer, por volta das cinco horas, hora de ir para a lida.

Foi assim que o descrente, o cético e destemido João, passou a acreditar.

Não se pode aqui, precisar quando tal fato ocorreu, contudo sabe-se que foi quando João estava casado com Ana sua primeira esposa o que quer dizer que foi antes de setembro 1919, ano e mês de seu falecimento. Se fruto da imaginação, se fruto do medo ou se verdadeiramente existiu ou existe o boitatá a dúvida para muitos permanecerá. O fato é que João morreu acreditando ter visto o boitatá e eu por minha vez descobri num site de pesquisa a figura que ilustra este texto que por coincidência, ou não, é a descrição exata feita por João.

Fonte da  Imagem

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Uma Mulher na Vida de João

Uma mulher simples com um filho pequeno, sem sobrenome, documento, conhecimento de data natalícia vai trabalhar na casa de João Ferreira. João por sua vez tendo agora uma mulher responsável, dedicada dentro de casa trás a pequena Ana com aproximadamente 4 anos de volta para casa.

João Ferreira, viúvo vendo o cuidado e dedicação dada a seus filhos. Sabendo ser ela, solteira, irmã de  Olinda Maria da Conceição, Otilia Gomes Batista, Crisanto Barreto e Miguel dos Anjos, Ana, Benedita, Donária, Josefa, (o sobrenome dos últimos irmãos, aqui mencionados, não foram levantados, mas se sabe que cada um possuía um sobrenome diferente), sendo filha de José Cesário da Rosa e de Maria José de Sant’Anna, esta de raça negra, resolve e constitui com Antônia, família.

João Ferreira providencia para ela nome, registro de nascimento. Coloca no documento o nome do pai “Rosa” e o outro nome, é buscado na história dos parentes de Antônia e alheatoriamente adota “Jesus”. Passa Antônia a partir daquele momento a ser Antônia Rosa de Jesus, quanto ao filho ele dá o seu nome, e Hermes passa a ser, Hermes Ferreira Gomes.

João Ferreira trabalhava na lavoura de terceiros, mas com a ajuda de Antônia começa a criar galinha e comercializar ovos. O casal ficava até tarde embalando os produtos a serem comercializados no dia seguinte.

João Ferreira com tino comercial, vontade de crescer e com a ajuda de Antônia passa a fazer economia e aguardar algum dinheiro até que consegue comprar o lote de terra de frente ao seu. Neste pedaço de terra constrói quatro pequenos cômodos para o seu irmão Manoel (Neco) que morava no "sertão". Sertão aqui não se sabe se era o nome do lugar ou um lugar afastado, "Neco" viria para a Babosa, morar com sua esposa.

Quando a casa fica pronta para receber o casal, João Ferreira recebe do irmão correspondência informando que a esposa morrera, ficará viúvo, contudo ele iria fixar residência na Babosa, próximo dos seus. Com a chegada de “Neco” sem esposa e sem filhos, só, João solidário convida o irmão para morar em sua casa. O convite foi aceito e todos passam a viver sob o mesmo teto.

Antônia Rosa de Jesus
Os filhos de João Ferreira contam que o “tio Neco” era muito paciente, querido, contava histórias e os ajudava na lição de casa.

Vemos aqui, que apesar do casal ser do interior, roça, eles cuidam da educação dos filhos mandando-os para escola, acompanhando a lição, coisa que até hoje, décadas depois, ainda não é comum se considerarmos as condições e a base de muitas famílias sob o mesmo aspecto. Notamos também que João cultivava o hábito de se comunicar por meio de correspondência, carta.

Da união de João Ferreira com Antônia nasceram oito filhos. Fico imaginando como que Antônia conseguiu dar conta de uma família tão numerosa, sete filhos de João com a primeira esposa; Manoel, Maria, Antônio, Nicodemos, Julio, Alzira e Ana. Nove filhos de Antônia sendo oito com o esposo; Hermes, Amaro, Julia, Thomé, Sérgio, Alice, Appolônia, Eliza e Olavo. Manoel (cunhado),  João (esposo) e Celso (filho do coração). Com certeza a luta foi árdua, casa para cuidar, dezenove pessoas para cozinhar, lavar, e ainda arrumava tempo para ajudar o esposo a embalar os ovos a serem comercializados.

Antônia merece nesta história um lugar de destaque foi mulher guerreira, merecedora do slogan que diz: “Por detrás de todo grande homem há sempre uma grande mulher”.

sábado, 6 de agosto de 2011

Da Herança

João Ferreira Gomes, pela ótica de sua mãe Ana Ferreira Gomes, era considerada como homem farrista, de pouca fé e pouco juízo. Gostava de cigarro de rolo, bebida e muita farra. Ana sempre o aconselhava, mas parecia que João não a ouvia.

Oratório e Imagem em madeira
Ana de fé fervorosa conversava com o filho na tentativa de chamá-lo para as coisas de Deus. Num certo dia chamou os filho e disse que como João não "criava juízo" tudo que possuía ficaria para ele e João deveria guardar estes bens como tesouro. Os bens deixado por ela foi um oratório, um terço feito pelas próprias mãos, talhado a canivete, uma imagem de Sant’Ana outra de Santo Antônio as duas em madeira, um pequeno livro contendo as regras de São Bento e um crucifixo. Esta foi a herança recebida.

Enquanto João existiu guardou as relíquias como verdadeiro tesouro. Ele se orgulhava dessa história e a contava sempre que a ocasião oferecesse oportunidade. Estes objetos motivo de orgulho, também serviram de palco para o desentendimento ocorrido entre ele e o filho, Júlio, que se tornará evangélico e não aceitava imagens.

O oratório, o crucifixo, o terço e a imagem de Santo Antônio são os objetos, seculares, que resistem a ação do tempo e se encontram sob aguarda das filhas Julia e Appolônia que ainda  residem na casa. Quanto a imagem de Santo Antônio, pleiteada há um tempo por um dos netos, Antônio Filho, paira a dúvida: É a imagem de Santo Antônio ou de Santo Amaro?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Da viúves

João Ferreira ao se ver viúvo, sem condição econômica e com 7 filhos, sendo a mais nova recém nascida, pega a pequena Ana e deixa sob os cuidados de Dona Paula.

Certo dia indo ver como de costume a filha, encontra a pequena Ana correndo pelo quintal montada numa vara de bambu, fazendo deste seu brinquedo, um cavalo. João se espantou com a cena. Cavalo era coisa para menino, mas o que fazer? Interrogava-se.

Outro fato que também o marcou foi num determinado dia que saindo para trabalhar deixou os filhos em casa e pediu a estes que colocassem fogo no feijão, almoço que serviria quando retornasse.

Por volta das 10h quando João retornava a casa para o almoço, na ocasião o almoço era servido às 10 da manhã, João sente cheiro de queimado, acelera, e ao chegar constata, não tem almoço, o feijão estava totalmente queimado sem chance de ser aproveitado.

João se esquecera de dizer as crianças para porem água e os filhos obedientes só colocaram fogo. 

Entrou em desespero, sem comida, com os filhos pequenos, conclui: Não dou conta, tenho que arrumar alguém para ajudar. Falou com um e com outro da necessidade deixando claro que a pessoa teria que gostar das crianças e que a vida não seria fácil.

Foi assim que Antônia entrou em sua vida.

Cumprindo prometido

Livro de Apontamento

Visão do livro

Galigrafia

Organização