quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Appolônia Ferreira de Jesus - Appolônia Ferreira Gomes - Parte II


Quando Appolônia Ferreira entendeu-se por gente, seu pai já tinha uma vida econômica confortável. Os irmãos filhos do primeiro matrimônio, em sua maioria, encontravam-se trabalhando no Rio e/ou já estavam casados de modo que tudo concorria para uma tranquilidade.  A tranquilidade, no entanto, era apenas aparente, infortúnios pautavam a sua vida a exemplo, o amigo de seu pai, senhor Manoel Pedra, com a brincadeira de esporar o cavalo atirando-o para cima do irmão causava na menina, pânico. Além do medo, o quê a fazia encolher atrás da porta, havia a sensação de impotência por não poder fazer nada pelo irmão. As perseguições do pai que terminavam em surras frequentes. Também trabalhou muito. Além dos afazeres normais, quantos vezes cozinhou para os irmãos quando esses iam visitar o pai acompanhado de mulher e filhos e muitas vezes com novos parentes ou amigos. Pessoas que alteravam toda rotina da casa. Quase como uma escrava atendia hábitos e gostos distintos, horários diferentes e incomuns ao costume da casa, mas que fazia toda diferença, toda à alegria.

Casa cheia foi sinônimo de presente. Não presente, objetos até por vezes recebidos, presente aqui eram prêmios mentais. Era confirmação que a família dera certo que era amada e mais que tudo era a certeza, Antônia Rosa de Jesus, sua mãe, com toda simplicidade, ignorância cultural, foi a grande matriarca desta família mudando opiniões, destruindo barreiras.

O amor de Appolônia e Júlia pela família é visível quando relatado por elas mesmos naquilo que não fizeram ou deixaram de fazer ouvindo a voz da razão, muitas vezes para não contrariarem a terceiros ou por puro sentimento de impotência. Os casos são vários, mas dois vieram a tona recentemente quando uma das sobrinhas, Elsa filha da irmã de nome Alzira com Carmelito, conhecido por Dudu Pedra ousou, não sabemos se com permissão resistência ou não, entrar na família de Arlindo e Alex Santos trazendo para Campos o corpo de Ana.

O primeiro caso é o de Manoel, irmão que no fim da vida foi fazer um passeio na casa das irmãs e disse querer ficar para morrer ali. Este já quase sem coordenação motora, sem controle de suas necessidades. As duas só, sem força física, longe de socorro médico, sem condução própria. Ele por sua vez costumado a vida em cidade grande. Não havia muito para oferecer com isso permitiram que Carlos Alberto “Bebeto” sobrinho e filho respectivamente, numa sutileza levasse-o de volta para o Rio.

O segundo caso é o de Antônio Ferreira que também manifestara o desejo de passar seus últimos dias e ser enterrado com os pais. Novamente elas cederam a vontade da família, o quê é justo, mas não as confortam.

Os relatos até aqui, certos que tristes, servem para ilustrar a personalidade e o caráter desta grande mulher, uma autentica Ferreira Gomes, mesmo sem ter sobrenome igual ao dos irmãos.

Appolônia foi crescendo, agora em idade e se solidificando, porém uma coisa não mudou, continuava e continua sendo arisca. Não gosta de fotografia o que não se entende. Já avançada em idade tem uma única vaidade a de tingir os cabelos o que não a desmerece é linda. Alta, corpo esquio, peso ideal, cabelos finos, lisos e sedosos e apesar de reclamar de algumas dores o que é normal aos 82 anos é ágil, flexível, comunicativa, social e anfitriã. O que toda mulher quer ser quando crescer, mas não gosta de fotografia. Não se achou nenhuma até agora de quando criança ou jovem. Se você leitor tiver por acaso alguma, por favor, não importa o estado me envie, prometo devolver. Appolônia por sua vez, lembra de uma registrada pelo sobrinho Antônio Filho.

Esta história, não acaba aqui.

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