João foi conviver com Antônia por volta de 1921, mas só no início da década de 40 foi que Dom Pedro Bandeira de Melo realizou a cerimônia, junto a do filho Nicodemos com Maria Matilde e do Senhor Faustino com Dona Paulina.
Tudo arrumado para o grande dia. Dentro dos preparativos estava incluído recital de poesia, contudo a cerimônia não transcorreu num clima de paz, houve discórdia. O desentendimento ocorrido não ficou por conta da famosa frase dita pelos celebrantes nesta ocasião: “Há alguém entre os presentes que tenha alguma coisa que impeça este casamento, que fale agora ou se cale para sempre?" Nem tão pouco foi por conta das filhas Maria e Alzira. Como é sabido, filhas mulheres, geralmente tem ciúmes do pai e mesmo sendo este o caso das duas, não foi o motivo.
A confusão se deu por conta de Alice filha do casal João e Antônia com Estelita filha dos vizinhos, Dona "Cota Amaral e do senhor Zé Elias". Ambas queriam recitar o mesmo poema “O Pássaro Cativo”. Não bastando o desentendimento, a confusão arrumada pelas duas, Estelita caiu em pranto e chorou por horas a fio por não ter conseguido lembrar a poesia que se encontrava no livro da segunda série que serviu para todos os filhos de João. Na época os livros eram usados por todos o que significa que esses não eram efêmeros como são em sua maioria nos dias atuais.
A apresentação ficou por conta da vencedora deste duelo, Alice, que majestosamente fez a declamação.
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A poesia escolhida, Bilac, mostra o bom gosto eminente no sangue dos membros desta família. Esta é ainda hoje recitada por pelo menos uma das filhas. Elisa, que na época, ainda bem pequenina gravou na memória e na retina a obra deste grande mestre.
Arma num galho de árvore um alçapão;
E em breve uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dar-lhe então uma esplêndida morada,
A gaiola dourada;
Dar-lhe alpiste e água fresca, ovos e tudo:
Mas mesmo assim o pássaro continua mudo
Arrepiado triste, sem cantar?
Oh! Criança,
Os pássaros não falam.
Gorjeando apenas sua dor exalam,
Sem que o homem possa entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os seus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:
Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre que voar me viste;
Solta-me, quero sol!
Quero o ar livre e o perfume da floresta!
Quero o esplendor da natureza em festa!
Quero cantar as pompas do arrebol!
Quero ao cair da tarde,
Soltar a minha tristíssimas cantigas!
Porque me prendes?
Solta-me covarde!
Não roubes a minha liberdade...
Deus me deu por gaiola imensidade:
Essas coisas o pássaro diria,
Se pudessem o pássaro falar
E a tua alma, criança, sentiria esta imensa aflição:
E tua alma tremendo, lhe abriria
A porta da prisão...
A obra aqui colocada é a registrada na memória de uma das filhas de João presente na cerimônia e que aprendeu ou decorou do livro didático usado por todos como já citado.
Caso queira conhecer a poesia de Bilac do livro: Poesias Infantis, Ed. Francisco Alves, 1929, RJ na integra acesse aqui.
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