sábado, 31 de março de 2012

Júlia Ferreira



10 de abril de 2010
Um ano depois do nascimento de Amaro nasce no dia 28 de maio de 1923 Júlia. Uma criança esperta, magra, com os cabelos encaracolados diferente das irmãs Maria e Alzira ao contrario saíram aos da mãe Antônia, bem enrolados, contudo este fato não diminuiu em nada a vaidade da pequena que crescia em beleza e graça.

Júlia completará um ano e antes que Antônia soubesse que estava novamente grávida a irmã paterna Ana, com um pouco mais de quatro anos, próximo a completar cinco veio pelas mãos do pai para casa e era a companheira nas brincadeiras da pequena Júlia.

Na localidade de Babosa onde residia João Ferreira Gomes com a família um rio foi aberto por draga, esse rio é até hoje conhecido na localidade como rio das Dragas. A única forma de passar de uma margem para outra era através de canoa. João Ferreira pai de Julia possuía junto com o Sr Custódio Rodrigues uma canoa que ficava fechada na margem onde ficava as casas de ambos.

Certo dia Maria, casada há pouco tempo com Alberico mandou recado pedindo para que fossem buscá-la  com o marido na outra margem do rio. Júlia acompanhada de uma amiga e dos irmãos ainda criança, Eliza e Olavo foi fazer a travessia do casal. Trajava na ocasião um vestido com estampas pequenas em cores suaves, saia em pregas. Ocorreu que por conta de um desequilíbrio Júlia foi parar no fundo do rio considerado por todos na localidade como fundo. O vestido, por obra de Deus, com suas pregas atuou como boia inflável e Júlia voltou a tona depois de atingir o fundo agarrando-se a canoa. Não se sabe quanto tempo o episódio levou, o que se sabe é que ela atingiu o fundo já que o peito ficará totalmente sujo de barro e as crianças Eliza e Olavo choravam compulsivamente. Resultado desde aquela dada não se teve notícias de Julia pilotando nenhum tipo de veículo náutico.  
Júlia continuava crescendo em tamanho, beleza, graça  e vaidade. Mocinha foi para Campos e ali passou a exercer o ofício de costureira. Todas as terças feiras o alfaiate de nome Moacyr entregava-lhe cortes de ternos que ela costurava com a ajuda da irmã mais nova, Alice, responsável pelos acabamentos ou costura de mão como era chamado este tipo de trabalho. Os ternos eram entregues prontos e passados aos sábados. Certa vez, quando os passava faltou energia elétrica coisa comum na época. Julia na espera da energia acabou por esquecer o ferro ligado e a mesa, hoje na casa da Babosa, trás tatuada, a marca deste episódio deste período.

O trabalho com costura deu lhe nas redondezas do Turf Club, bairro da cidade de Campos onde morava o título de costureira e ela fez jus costurando para quase todos daquele local.

Júlia teve três namorados que merecem ser citados o Orlando Souza, moreno e dono de uma grande beleza, no entanto não era do tipo para casar, o homem era o que conhecemos por “galinha”, bastava ser mulher para que ele se interessa-se; João Giovati, esse apaixonado por ela, mas era separado e casamento com ele só fora do País o que foi proposto, ele quis leva-la para Montevidéu, ela não aceitou; João Rodrigues que por interferência da família também não aconteceu, não deu certo.

Júlia não se casou, não teve filhos, mas foi e é tão querida que tem afilhados na casa de vários dos irmãos e de muitos vizinhos. Azar de uns, sorte de outros. Azar dos homens que não a descobriram e sorte dos sobrinhos que tiveram a atenção e o cuidado desta mulher, desta grande quituteira. Júlia não era de fazer docinhos ou coisas deste tipo, porém tudo que fazia era simplesmente saboroso não saberemos se devido sua dedicação, ao fogão a lenha, ou, a combinação dos dois. Ilustrando: certo dia uma das sobrinhas levou uma bronca por pedir a Ana, irmã de Júlia, para fazer um bolo só que o pedido foi mais ou menos assim:
__ Tia Ana estou com vontade de comer bolo! Faz o bolo da tia Júlia para mim.
__ É! bolo da tia Júlia? Se você quer bolo da tia Júlia vá pedir a ela, aqui você vai comer bolo da tia Ana (Obs. Ana também foi boa na cozinha.)

Hoje com quase 89 anos morando na casa herdada dos pais  onde passou a vida encontra-se fisicamente bem, lúcida apesar de vezes fechar-se no seu mundo. Atribuo este fato a tristeza de ter tido uma vida repleta, uma casa cheia e hoje encontrar-se quase só, apenas na companhia da irmã mais nova Appolônia.

Esta é a história de Júlia. confira algumas imagens aqui :

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