Hélio entre os filhos Jr, Heleonora, Érica e Elisângela |
Hélio Ferreira Machado. Difícil
escrever essa história, difícil porque o Hélio foi uma pessoa com quem tive a
oportunidade, de uma certa forma, conviver e por conviver via em sua áurea um
mistério e na tentativa de desvendar esse mistério que o descrevo como: pessoa
de olhar triste, meio que perdido no nada, silencioso, mas ao mesmo tempo
cativante e muito atencioso. É na tentativa de apresenta-lo que saio em busca
de elementos que possam confirmar ou não a percepção que tenho.
Nascido em 02 de abril de 1943,
na localidade de Babosa, zona rural do Município de Campos, que Hélio, assim
como os irmãos foi trabalhar na lavoura, contudo ele não se adaptou, não
conseguia desenvolver o trabalho como os outros, e esses, de certa forma, o
constrangiam com brincadeirinhas que o desmerecia. Se essas brincadeiras
ocorressem hoje, diríamos que o Hélio sofrerá Bullying.
Aos fatos: Hélio tinha tudo para
ser um garoto bonito, cabelos lisos e finos, no entanto a pele era grossa e com
muitas feridas o que lhe causavam uma febrícula. Sua mãe, sempre calada, não
deixava de observa-lo, isso fazia com que lhe dedicasse uma maior atenção.
Muitas das vezes Maria Matilde, sua mãe, oferecia a ele uma alimentação diferenciada
com pratinhos ou quitutes que não eram oferecidos ou feitos para os demais.
Creio que esses cuidados eram receio de que as feridas fossem causadas por algo
que comia. Ocorre que esse tratamento, diferenciado, causava nos irmãos um
certo desconforto.
De nascença ou desenvolvido, não temos
como saber, Hélio sofria de uma espécie de alergia a pico da palha de cana e de
milho. Essa alergia foi descoberta mais tarde, na época não se sabia o que ele
tinha, só se sabia que ele era “molenga” e “perebento”. Como mãe tem 6º
sentido desenvolvido, Maria sabia que seu filho tinha algo e assim tentava
compensa-lo com carinho e uma atenção maior o que só piorava porque despertava,
nos irmãos, Ciúmes, se não em todos pelo menos em quem relatou o caso. Creio
que esse foi um dos fatos que fez com que ele se fechasse.
Num determinado dia, lá pela
década de 50, Amaro, irmão do seu pai numa das visitas a casa de João Ferreira
e Antônia, avós do Hélio, vendo a situação do menino, convence a cunhada a
deixar o menino ir com ele para o Rio em busca de tratamento. Convencer a mãe
do Hélio foi tarefa difícil, para ela, separar dos filhos era algo
inconcebível, mas dada a situação, acaba cedendo e o pequeno vai para o
convívio dos tios. Já no Rio trava
amizade ou melhor fortaleceu a amizade com os primos Antônio Filho e Carlos Tel,
na época Carlos Alberto.
Hélio recuperado da saúde
permanece na casa dos tios e começa a trabalhar no armazém de propriedade da
família que o recebia. Não foi um período fácil, longe dos seus pais, dos irmãos
e da mãe que tanto amava.
Em novembro de 1960, sua mãe vem
a falecer. As tias, Ana e Alice sem dizer nada da morte trazem o menino para
Campos como se viessem fazer uma visita. Ao chegar na rodoviária de Campos
encontram um conterrâneo, senhor Manoel Rodrigues, esse, sem perda de tempo lhe
cumprimenta dando-lhe os pêsames. Essa recepção foi para Hélio um choque. Perder
aquela que em sua trajetória era a única que o tratara com amor. Ele com apenas
17 anos, para época criança, sofreu muito. Vejo aqui uma outra hipótese, para o
seu fechamento, talvez a mais forte, até mesmo porque na família dos Ferreira
Machado, outros, ainda hoje guardam esse momento como uma espécie de trauma de
infância.
Como dito, Hélio não veio para
Campos para o sepultamento, ele fora enganado, veio como se tivesse vindo a
passeio e como passeio, retornou para casa dos tios. Hélio foi o responsável,
ou melhor, foi quem aos poucos levou os irmãos para o Rio, talvez para amenizar
a separação, a distância, a lacuna deixada pela mãe.
Quando deixa o Rio e volta para
Campos, como definitivamente não nascera para trabalho em lavoura, adquiriu o
bar do Sr. José de Bilhinho, próximo a igreja num local conhecido até hoje com encruzilhada
e nele começa a trabalhar.
Sua convivência com o pai não era
das melhores, havia um choque de culturas. Nicodemos daquele jeitão de pessoa
do interior e Hélio, com uma educação diferenciada, meio que “carioca”, o fato
é que os dois não se entendiam e pequenos desentendimentos eram corriqueiros
até que um desses desentendimento fora mais sério, levando Hélio a sair de casa.
Hélio foi morar no bar, lugar sem a menor estrutura para se residir. Ana sua
irmã, sem que ninguém soubesse, levava-lhe o almoço. A noite Hélio ia tomar
banho na casa dos tios Tomé e Anita e lá comia uma parca refeição que Anita lhe
oferecia e que lhe servia de jantar. O desentendimento passou, o relacionamento
conturbado entre pai e filho se amenizou e a vida seguiu.
Nesse blog, nas histórias de
alguns personagens, tivemos a oportunidade de relatar a fama dos Ferreira
Gomes, como homens mulherengos. Hélio não fugiu à regra, durante boa parte de
sua vida se relacionava com pelo menos duas mulheres de cada vez. Aqui vamos
relatar casos que deixaram marcas: Hélio ao mesmo tempo que se relacionava com
Vilma em Babosa, se relacionava com Rita de Mussurepe até que no carnaval de
1967, no Salão Atlântico que ficava ao lado do salão Azul (ambos extintos),
Hélio se depara com uma jovem e a convida para dançar. A moça nos foi descrita
como uma jovem de beleza natural, elegante, desenvolta e aparentemente muito vaidosa e para
completar bem empregada, funcionária da empresa de comunicação, dai, talvez a
desenvoltura. Conversa vai, conversa vem, marchinha para lá, marchinha para cá,
Hélio lhe pede em namoro.
Como disse anteriormente era duas
por vez. Hélio termina o namoro com a de Mussurepe (Rita) por ver na jovem moça
de nome Neuza, hoje sua viúva, a pessoa perfeita para casar. Com essa
determinação vai terminar com Vilma, a namorada de Babosa e é quando descobre
que ela estava gravida. As coisas ficaram um tato quanto difíceis, as famílias
se conheciam e o namoro havia tomado outro rumo. Como no interior, na época,
honra se lavava com sangue, os irmãos da Vilma vão atrás de Hélio com ameaça
velada. Mais para sorte do jovem, quem passeava na casa dos pais em Babosa era
seu tio Amaro, esse novamente entra em cena só que desta vez com o cunhado
Manoel Francisco. Amaro e Manoel Francisco, juntos, saem em busca dele, achando,
levam-no até a rodoviária onde deveria embarcar para o Rio.
De volta ao Rio. No dia 04 de
janeiro de 1968, nasce em Campos/Babosa sua primeira filha, Heleonora Gomes de
Souza. Completado um ano que estava no Rio, período que não deu notícias, pelo
menos não deu para a jovem Neuza que fielmente permaneceu esperando por ele,
Hélio é convocado para uma audiência em processo arrolado pela mãe da pequena.
Antes da audiência começar, Hélio pede para falar com a mãe da menina, esses se
retiram da sala e quando voltam a autora diz querer retirar a queixa e retira.
Mas antes de retornar ao Rio, Hélio vai conversar com os pais de Neuza e expõe
suas intenções para com a filha deles. Depois disso retorna ao Rio onde permaneceu
por mais 3 anos totalizando um total de 4 anos.
Com a fama dos Ferreiras de
namoradores, não é difícil imaginar que ele durante o tempo que ficou no Rio não
ficará sozinho, sem dúvida ele havia arrumado alguém. Embora estivesse com
outras mulheres, sua intenção permanecia a mesma, mudar de vida e se casar com
a Neuza que por ele esperava.
Em 1970, exatamente no dia 02 de
junho, Maria, uma amiga da família da Neuza vai levar a filha e Neuza para uma
tarde dançante no Club da Usina São José em Goytacazes, Localidade em que ela
residia. No caminho a Maria fala com Neuza sobre o noivado e ela sem saber de
nada interroga: Que Noivado? A resposta foi simples: o seu e complementa
dizendo que Hélio estava exibindo um anel de noivado e que estava dizendo que
iria pedir a mão dela em casamento e foi o que aconteceu naquele 02 de junho, Neuza e Hélio ficaram noivos. Um ano e pouco depois, exatamente no dia 25
de setembro de 1971 eles contraíram bodas.
O casal fixa residência numa casa
pertencente aos avós de Dulce esposa de Aloísio (irmão do Hélio),
Hélio, o neto e André |
casa, diga-se
de passagem boa, próxima do hospital Municipal Paulino Verneck na Ilha do
Governador. Neuza morando em Campos contou com a cunhada Marina para arrumar a casa
do casal e com Manoel Francisco para fazer sua mudança. Hélio agora casado,
decidido a levar uma vida de homem sério busca uma maneira de terminar com a
mulher com a qual vinha mantendo um relacionamento. A mulher, como era de se
esperar não aceitou a separação passivamente, eles travaram uma discussão.
Maria do Carmo não se conformou e pior, acabou gravida dando à luz ao menino
que recebeu o nome de André Gomes dos Santos. Décadas depois Hélio Coloca seu
nome na certidão do Filho que passa a se chamar, André Gomes dos Santos
Machado.
O primeiro ano de vida do André
não foi fácil. Quando André estava com aproximadamente 1 ano e 3 meses, Maria
do Carmo, resolve deixar o filho com a
família do Hélio entregando o menino para o Aloísio que por sua vez, entregou
para a irmã Ana que o criou com a ajuda de outros irmãos, principalmente de
Irene. Pouco tempo depois ela veio a falecer.
Não sabemos e provavelmente não
saberemos se Maria do Carmo amava o Hélio, se era sentimento de posse,
frustração por ter perdido ou outra coisa qualquer o que se sabe é que ela não
se conformou com a separação. Coincidentemente nesse período a vida do casal, Neuza
e Hélio mudou da água para o vinho. Algo muito estranho acontecerá, a
transformação era visível. Neuza mulher vaidosa, atraente, desenvolta, como uma
flor tirada do galho começou a murchar, se descuidando, perdendo a vaidade. Do
outro lado, Hélio que já não era muito de conversa, cada vez mais se fechava.
Em novembro de 1973, Neuza tem
seu primogênito o qual dá o nome do pai, Hélio Ferreira Machado Júnior,
conhecido por nós como Juninho. Em 75 nasce a filha do meio do casal Érica e em
77, Elisângela, ambas Silva Machado. Hélio nessa época caminhoneiro traz a
família para passar o verão na praia do Açú e de lá leva-os para morar em
Marreca. Aqui dá para se imaginar, se a sua esposa vinha se descuidando, agora em
Marrecas, longe de tudo não daria outra, cada vez mais se percebia a
transformação. Dali foram morar ao lado da casa do pai em Babosa, local onde
nasceu as mais novas. Depois mudam-se para Farol onde a família reside até
hoje.
Os dias, os anos passando e a
situação sem mudar, onde foi parar aquele homem apaixonado, onde se escondeu aquela
mulher vaidosa? Que coisa estranha acontecerá ou acontecia com o casal?
Residindo em Farol com esposa e
três filhos, Hélio sempre ia Babosa ver a filha Heleonora e sempre que dava,
levava a menina para passar o fim de semana com ele e os irmãos. Lá pelos idos de 1979 a filha vai viver na
casa do pai onde só saiu depois de casada. Aqui cabe uma ressalva, porque Hélio
não colocou seu nome na sua primogênita? Nós contamos: a mãe da menina, com
receio que o pai levasse a pequena, não deixou que ele a registrasse, que
colocasse seu nome na certidão de nascimento, mas por obra do destino, com 11
anos Heleonora escolhe viver com o pai.
Relacionamento com os filhos:
Hélio sem dúvidas os amou. Ele sempre foi muito farturento, de modo que nada faltava
para a família, nada faltava!!! Na questão dialogo faltou conversa, bate papo,
entrosamento, o estar mais presente, mas embora faltasse o bate papo. Quanto ao
tratamento dispensado aos filhos, era igual? Na questão material sim, mas
igual, igual não foi. Na questão afetiva, foi muito carinhoso, mas o carinho
não fora igual para todos, uma das filhas visivelmente fora discriminada, mas
isso foi superado e o patinho feio virou cisne.
Com a esposa, o relacionamento continuava o mesmo, embora no mesmo
ambiente, entre os dois havia uma grande distância.
Para complementar o quadro referente
ao comportamento conjugal, certo dia em Farol, surge uma mulher aparentemente
elegante provocante, chamando a atenção dele sobre si. Essa lhe pergunta se ele
não estava lhe reconhecendo. Ele responde que não e ela mediante a sua negativa
se revela dizendo ser a ex-namorada de Mussurepe. Essa mulher foi o inferno na
vida do casal. A esposa indignada o expõe. Em contra partida ele como numa
pirraça afronta a esposa. Nessas de afrontas,
no início da década de 80 nasce uma menina que entendo por pura provocação,
recebe o nome de Elisângela. Nome da sua
filha, até então caçula. Aqui uma
interrogação, porque Hélio não contestou, duas filhas com o mesmo nome!
Ficamos sem resposta e não vamos
a fundo porque a história aqui contada é do Hélio e não de outra pessoa. O
envolvimento com essa mulher durou um bom tempo e só acabou por volta do
nascimento do neto Caio. Nesse período as viagens para o Rio diminuíram e as
poucas vezes que voltou ficou na casa dos irmãos. Hélio deixou de procura-la. Foi
ponto final na história. Hélio como filho prodigo começa a voltar sua atenção
para a família, lugar que mesmo com tantas idas, era seu porto seguro.
Esse retorno, esse olhar para os
seus iniciou com o nascimento dos netos, destaco aqui Daniel filho do Júnior a
quem ele amava, mas infelizmente não soube demonstrar, o retorno se solidificou
com o nascimento de Caio e o bisneto Rian, neto de sua filha mais velha. Usamos
a expressão solidificou, porque família, carinhoso, prestativo, Hélio sempre
foi. Fátima esposa do seu irmão Francisco, confirma isso relatando com muito
carinho a disponibilidade que ele sempre teve para com ela. Segundo Fátima ela
o tinha como sogro. Ela conta que quando trabalhava fora, com os filhos ainda
pequenos, deixava-os com a família do Hélio e ele tratava suas crianças como
netos. Outro fato que guarda em suas memórias, está relacionado as inúmeras
vezes que precisava de algo e com o esposo trabalhando distante de casa, na roça
e sem comunicação, era a ele que recorria e ele nunca lhe disse não. Essa
presteza era tão presente que aproximadamente 15 dias antes do seu falecimento,
lá esteve ele em seu socorro.
Neuza, Sabrina, Daniel e Hélio |
Foi com muita tristeza que vi vc partir deste mundo, mas é com toda certeza que digo que jamais partirá do meu coração. Você foi como um pai para mim [...], lembro quando te disse que ia dançar valsa cntg nos meus 15 anos e vc ficou todo feliz, e agr? [...] a morte levou você, todos sabemos que um dia é esse nosso fim e dos que amamos, mas ninguém está preparado para tão grande dor, ela roubou você de mim, mas nossa história, todas as lembranças que guardo ela não levará NUNCA 💔 [...] uma parte de mim se foi TE AMAREI💔😪💔💔 ETERNAMENTE, SAUDADES ETERNA 💔😪 Meu Padrinho, Pai e Heroi 😪 💔 (PESSANHA, Sabrina. Trechos do depoimento. Jun. 2018.).
Muitos foram os relatos a
respeito do Hélio e todos unanimes em descreve-lo como pessoa de semblante
triste, com ar perdido, mas amoroso, prestativo e muito querido, não conheci
ninguém com quem ele tivesse tido algum desafeto. Uma das irmãs do seu pai
Appolônia contou que bastava acenar com algum pedido que lá estava ele pronto a
servir, conta também que toda vez que passava por Babosa parava para saber como
estava, se estava na casa da praia, o mesmo ocorria, ele cuidava.
Numa de suas inúmeras lembranças,
Appolônia conta de um problema de apendicite que Hélio ainda solteiro teve,
isso quando morava no Rio. Enquanto esteve hospitalizado era ela quem levava o almoço
feito pela tia de nome Ana. Numa dessas idas usou uma bolsa que estava sem
dinheiro. Ela havia emprestado a bolsa para uma amiga e essa tirou do interior suas
coisas para colocar as delas, ocorreu que ela devolveu a bolsa, mas não colocou
no interior o que havia retirado. Resultado, Appolônia foi levar o almoço sem
dinheiro para o transporte e só se deu conta na hora de pagar. Sorte que na
época existia confiança, bastava dizer que pagaria na volta que estava tudo
certo e foi o que fez. Pediu o valor a Hélio que mesmo acamado emprestou sem
pestanejar e a condução foi paga e a Hélio devolvido o valor no dia seguinte.
Eliza, também tia do Hélio, irmã
do seu pai, por muitas vezes, vi relatar o quanto devia a ele. Quando seu
esposo esteve internado no HPC ele por várias noites passou com seu marido,
gratidão que não poderá pagar, ficará devendo para sempre essa atenção.
Falando de atenção, Josiel
(sobrinho) conta do tempo que trabalharam juntos em barco de pesca.
Provavelmente muitas foram as aventuras no mar, mas o que mais marcou foi o
fato de Hélio ser muito brincalhão e ao mesmo tempo carinhoso e preocupado. Numa
das vezes (foram duas), em que o barco ficou à deriva. Hélio em suas
brincadeiras, tocava terror na tripulação e ao mesmo tempo, num canto tranquilizava
o sobrinho que nessa época tinha aproximadamente dezesseis anos dizendo que o
socorro já estava vindo. A preocupação com o sobrinho também ocorria com a
alimentação, ele queria saber se já havia se alimentado e se preocupava muito
com isso. Outro fato que marcou Josiel e provavelmente também marcou outros
sobrinhos era que por ocasião das festas natalinas ele carregava todos para sua
casa em Farol para festejarem o dia.
Hélio sempre gostou de festa,
reunião de família e amigos, gostava de um bom prato e futebol. Por falar em futebol,
num dos natais em que levou toda criançada para sua casa, ele deu de presente, para
todos os filhos e para os sobrinhos, camisa do Flamengo. Josiel, com apenas 9
anos ficou meio que frustrado, ele era vascaíno e pelo jeito teria que se
contentar com a camisa do Flamengo, mas não, em meio a tantos vermelho e preto
eis que surge a camisa do Vasco e junto o carinho subentendido no: ‘não me
esqueci de você’. Hélio era flamenguista e eu fico aqui pensando como seria a
sua reação, se aqui ainda estivesse, se vivesse o que vivemos nesse fim de
semana Libertadores e campeonato brasileiro (Nacional)!
Josania sobrinha, menciona a
atenção do tio para com os sobrinhos, do carinho com sua mãe por ocasião da
enfermidade do seu pai. Lembra das noites que Hélio, seu pai (José), seu esposo Bento e o amigo da família de nome Talvane varavam a noite jogado jogos de carta e apostando doce de pêssego
em lata.
Heleonora sua primogênita conta
do carinho com a qual era tratada e fala com entusiasmo do casamento em que o
pai fez de tudo para que tudo saísse perfeito. O belo almoço, da quantia em dinheiro
para que comprasse todo o enxoval, e esse, foi adquirido no rio com ajuda das
tias Ana e Irene, do bolo de casamento e da festa e acrescenta o carinho que
tratava seus filhos e por fim seus netos. Aqui acrescentamos uma frase de
Caçulinha, a pessoa que fez o bolo (3 andares de bolo) e os doces. Hélio preocupado
pergunta se daria, e ela lhe responde com outra pergunta: Você convidou o Farol
inteiro?
A História de Elisângela com
Hélio é intrigante, quando ela começou a namorar Cristiano, seu esposo, Hélio
fora totalmente contra. Chegou a me relatar a preocupação de não dar certo, da
filha vir a sofrer, ele temia porque o rapaz além de já ter sido casado tinha
uma filha pequena. Intrigante porque parecia
não amar essa menina, mas se preocupava.
Elisângela, mesmo a contragosto do pai, não desistiu e seguiu em frente, entre namoro e noivado foram 10 anos, período que deu para quebrar o gelo a ponto de ele permitir que eles construíssem na sua laje. No casamento de Elisângela foi oferecido um almoço. Hélio nesse dia pela manhã foi para roça deixando a família sob tensão. Havia o medo dele não comparecer, mas ele compareceu e entre familiares e amigos se confraternizou.
Elisângela, mesmo a contragosto do pai, não desistiu e seguiu em frente, entre namoro e noivado foram 10 anos, período que deu para quebrar o gelo a ponto de ele permitir que eles construíssem na sua laje. No casamento de Elisângela foi oferecido um almoço. Hélio nesse dia pela manhã foi para roça deixando a família sob tensão. Havia o medo dele não comparecer, mas ele compareceu e entre familiares e amigos se confraternizou.
Hélio e Caio |
Três anos depois nasce Caio, a
quem chamo de resgate. Todo amor que não fora dado a filha veio em abundância
para o filho dela. Hélio teve outros netos foram um total de 6 filhos, 8 netos e
5 bisnetos, isso é o que sabemos. Mas todo o amor que tinha foi exposto e
expressado em Caio. O sentimento era tão intenso que o menino parecia não ter
casa, era com o avô que dormia, era com o avo que andava, Hélio ensinou as
primeiras coisas, era ele que pegava na escola e tantas outras coisas. Seu amor
se concentrou no filho da Elisângela.
A história do Hélio, história de
vida, foi bem conflitante. Hélio foi visto, e por muitos intitulado como
namorador, levado e outros adjetivos e ao mesmo tempo foi amado e admirado por
todos aqueles que o conheceram da mesma forma que amava e cuidava dos seus e
dos que estavam a sua volta. Eu particularmente o admirava muito a ponto de
descreve-lo como caixinha de surpresa e para minha surpresa, nas minhas
andanças em busca da sua história, descubro que ele me considerava, fato que
muito me gratifica, mas não me envaidece. Depois de tantos relatos, concluo que
seu carinho, sua atenção não era especial nem privilégio de ‘A’ ou ‘B’, isso era parte do
seu caráter, do seu ser.
Nos últimos anos de sua vida ocorreu o seu resgate conjugal, o clima com sua esposa mudou totalmente, a família gritou mais alto, e família, mesmo com todos os atropelos é uma das características das nossas, tanto é que a notícia do falecimento do primo Antônio o deixou numa tristeza profunda. Com menos de um mês da partida do primo de quem ele gostava muito, exatamente no dia 24 de junho
de 2018 Hélio Ferreira Machado deixa esse plano, mas sua história não termina aqui, ela continua, agora escrita por seus filhos e netos.